O padrão de ingestão de água dos suínos pode ser influenciado por vários fatores, incluindo genética, sexo, idade, saúde e temperatura corporal. Diferentes fatores externos, como: queda ou aumento brusco temperatura da água, pH abaixo de 3, excesso de cloração (acima de 3 ppm de cloro livre na água) e níveis físico-químicos da água como dureza, alcalinidade, sólidos totais dissolvidos presença de ferro, também podem interferir no consumo. Quanto à qualidade microbiológica, a presença de coliformes totais e fecais, Escherichia coli, enterobactérias, fungos e leveduras podem causar quadros severos de diarreia nos animais.
O coordenador comercial da Trouw Nutrition, Josênio Cerbaro, ainda reforça o alerta para o nível da parte físico-químico da água: dureza, alcalinidade, sólidos totais dissolvidos em níveis elevados que afetam a palatabilidade, causando repulsa dos suínos. Eles também podem ser responsáveis pelo efeito laxativo e interferência na eficácia de alguns medicamentos e desinfetantes. "No manejo de limpeza e desinfecção das instalações, a dureza da água influencia a capacidade de sabão e detergente em formar espuma, ocasionando incrustações nas tubulações", lembra.
O pH, dureza, alcalinidade e sólidos totais dissolvidos em altos níveis na água demandam um grande gasto de energia pelo animal no processo digestivo. Em estudos realizados a campo comparando resultados zootécnicos de lotes abatidos no frigorífico, é possível perceber que os piores resultados estão relacionados às amostras de água que tinham perfil físico-químico alto e presença de contaminação microbiológica.
Segundo Josênio, o consumo de água está diretamente atrelado à fase de vida do animal. "Leitões em fase de creche consomem de 2 a 3 litros por dia. Já durante o crescimento o volume salta para de 8 a 12 litros e na fase de terminação pode chegar a 20 litros/dia. A exigência é maior em fêmeas lactantes, as quais merecem atenção especial do produtor: o consumo varia entre 20 a 35 litros de água", explica o especialista da Trouw Nutrition.
A atenção precisa estar voltada não apenas à qualidade da água e disponibilidade no ambiente, mas também à qualidade da ração oferecida. "A escolha de insumos, matérias-primas de qualidade, composição da ração e boa palatabilidade têm impacto positivo na ingestão de água. As instalações também podem ser responsáveis por alterações de consumo. É o caso de iluminação, temperatura ambiente, umidade, velocidade do ar (ventilação mínima/troca de ar), localização dos bebedouros, comedouros e quantidade mínima de ambos, assim como a vazão e a pressão da água", alerta o coordenador.
Controle sanitário e gestão de qualidade da água, estão diretamente relacionados, pois contribuem para a redução do uso de antimicrobianos na prevenção de doenças, fato que hoje representa um desafio para o plantel.
"O consumo medido em metros cúbicos no hidrômetro da entrada de água no galpão é um dos indicadores para avaliar o desempenho zootécnico e o status sanitário. Os animais ingerem de 2 a 3 vezes mais água do que o alimento sólido. Ao perceber na leitura diária um volume de água inferior ao dia anterior, o produtor precisa redobrar os cuidados. Se os animais não ingerirem água na quantidade necessária, eles não comem o suficiente e, consequentemente, não vão atingir o ganho de peso diário como esperado. É fundamental tratarmos esse recurso natural com a devida importância, realizando monitoramento constante e evitando perdas, seja por vazamento ou contaminação", recomenda o coordenador comercial da Trouw Nutrition.