Osenador brasileiro Fabiano Contarato entrou hoje no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de apreensão do passaporte do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, para impedir a sua saída do país. "Protocolei pedido de apreensão do passaporte do [ex] ministro da Educação, Abraham Weintraub, no âmbito do inquérito do STF que investiga 'fake news'. Peço que seja proibida a saída do ministro do país porque ele é investigado nesse inquérito", escreveu o senador do partido Rede Sustentabilidade, na rede social Twitter.
Abraham Weintraub, que anunciou a sua saída do Governo na quinta-feira, foi incluído num inquérito sobre a difusão de ataques e notícias falsas contra o Supremo, por ter afirmado, numa reunião ministerial ocorrida em 22 de abril, que, por sua vontade, colocaria "esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF".
O pedido de apreensão do passaporte de Weintraub surge no momento em que o ex-ministro afirmou que deseja sair do Brasil "o mais rápido possível".
"Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). Não quero brigar! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!", escreveu por sua vez Weintraub, também no Twitter.
Abraham Weintraub anunciou a sua saída do executivo na tarde de quinta-feira, num vídeo em que aparece ao lado do Presidente do país, Jair Bolsonaro, acrescentando que recebeu um convite para integrar um cargo na direção do Banco Mundial.
O ex-ministro afirmou que não iria discutir os motivos da sua saída do cargo ministerial, apesar da sua gestão ter sido marcada por várias polêmicas.
"Sim, dessa vez é verdade. Eu estou saindo do Ministério da Educação. Vou começar a transição agora. Nos próximos dias passo o bastão ao ministro que vai ficar no meu lugar. Neste momento, eu não quero discutir os motivos da minha saída", afirmou.
"O importante é dizer que recebi o convite para ser o diretor de um banco. Eu já fui diretor de banco no passado. Volto ao mesmo cargo, porém no Banco Mundial", acrescentou Weintraub.
Ele deve agora assumir uma cargo na representação brasileira da direção do Banco Mundial, com sede em Washington, nos Estados Unidos da América.
Contudo, a notícia de uma possível ida de Weintraub para o Banco Mundial não foi bem aceite por todos.
Representantes da sociedade civil brasileira, entre eles um ex-diplomata e antigo ministro, advogados e economistas, divulgaram uma carta endereçada aos embaixadores de sete países apelando para que vetem a indicação do ex-ministro da Educação do Brasil para o Banco Mundial.
Segundo o portal de notícias UOL, o documento foi endereçado aos embaixadores da Colômbia, República Dominicana, Equador, Haiti, Panamá, Filipinas, Suriname e Trinidad e Tobago, que são representados pelo indicado do Brasil num cargo da direção do Banco Mundial, e que podem referendar a indicação do ex-ministro.
"Enviamos esta carta para desaconselhar fortemente a indicação do senhor Weintraub para este importante cargo e informá-lo sobre os possíveis danos irreparáveis que ele causaria à posição do seu país no Banco Mundial", lê-se no documento.
"Estamos convencidos de que Abraham Weintraub não possui as qualificações éticas, profissionais e morais mínimas para ocupar o assento da 15.ª Diretoria Executiva do Banco Mundial", acrescenta o texto.
A permanência de Weintraub no Governo estava sendo debatida nos últimos dias, após o ministro ter participado, no domingo, numa manifestação pró-Bolsonaro, movimento que não agradou ao Presidente.
Contudo, as polêmicas envolvendo o ex-ministro da Educação começaram logo após Weintraub ter assumido a pasta, há 14 meses, em substituição de Ricardo Vélez Rodríguez.
Weintraub acumulou desavenças com reitores de universidades, estudantes e parlamentares, após ter decretado duros cortes na Educação, assim como causou problemas diplomáticos com a China e Israel. Mais recentemente, entrou em conflito com juízes do STF.
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