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Eleição Presidencial Americana

EUA: Donald Trump é eleito presidente dos Estados Unidos da America, aponta projeção da AP

Projeção do resultado não é a contagem oficial, mas é historicamente aceita pela sociedade norte-americana em eleições presidenciais. 47º presidente dos EUA terá maioria republicana no Senado e, possivelmente, na Câmara também.


O candidato republicano Donald Trump, de 78 anos, venceu as eleições dos Estados Unidos ao garantir votos suficientes para um novo mandato como presidente, aponta projeção da Associated Press desta quarta-feira (6).

O resultado foi anunciado por volta das 7h30 desta quarta após o republicano vencer o estado-chave de Wisconsin e ultrapassar a marca de 270 delegados do Colégio Eleitoral necessários para garantir a vitória. Ele assume o cargo em 20 de janeiro de 2025.

Mesmo sem a contagem de cédulas ter sido totalizada, a margem adquirida por Trump já não podia mais ser superada pela concorrente, a democrata Kamala Harris. Autoridades internacionais comentaram o resultado e parabenizaramo o republicano.

Além de Wisconsin, Trump também venceu em outros estados decisivos, como Pensilvânia, Carolina do Norte e Geórgia, e estava à frente em Michigan, Nevada e Arizona, até a última atualização desta reportagem.

Esses estados, também conhecidos como "estados-pêndulo" ("swing states"), são considerados decisivos porque neles a escolha de um presidente republicano ou democrata varia e não é possível prever o resultado. O somatório do total de delegados que os representam são cruciais para definir quem ganha ou perde uma votação.

Durante a madrugada, antes mesmo de Kamala reconhecer a derrota, Trump fez um discurso da vitória na Flórida. Ele falou sobre imigração ilegal, disse que o seu slogan será "promessas feitas serão cumpridas" e pregou a união entre todos os americanos.

Os Estados Unidos não têm um tribunal eleitoral de âmbito nacional, como o Brasil, e a apuração dos votos é de responsabilidade de cada estado. A contagem oficial pode demorar semanas, e o resultado é tradicionalmente divulgado pela agência de notícias AP com base na projeção feita por estatísticos a serviço de institutos e meios de comunicação. Entenda como funciona.

Vitória após perder reeeleição e maioria no Senado

A vitória de Trump marca o retorno do republicano ao poder após quatro anos, quando perdeu para o democrata Joe Biden em 2020. Esta é a segunda vez que um presidente volta ao cargo depois de perder numa tentativa de reeleição. Isso só havia ocorrido antes com Grover Cleveland (1893-1897 e 1885-1889).

A vitória trumpista pelo somatório dos delegados do Colégio Eleitoral também se deu de forma surpreendente no voto popular, ainda segundo o que apontavam as projeções nesta manhã. Além disso, Trump sai mais fortalecido dessa eleição após os republicanos garantirem maioria republicana no Senado.

Com a troca de 34 senadores, o partido de Trump conseguiu reverter o quadro dos últimos quatro anos, quando a Casa foi composta por 51 democratas e 49 republicanos.

Na Câmara, com os votos ainda em apuração até por volta de 11h15 desta quarta, a tendência também era de formação de maioria republicana. Das 435 cadeiras, 198 republicanos já tinham conseguido uma vaga, contra 180 democratas. Os votos para outros 57 parlamentares ainda estão sendo contabilizados.

Em maio deste ano, ele foi condenado por fraude contábil ao declarar como gasto de campanha um pagamento feito a uma ex-atriz pornô. O dinheiro, segundo a acusação, foi pago para comprar o silêncio de Stormy Daniels para que ela não tornasse público o suposto caso que tiveram durante a campanha presidencial de 2016, da qual Trump saiu vencedor.

Apesar da condenação, a sentença, que pode determinar prisão, liberdade condicional ou multa, ainda não foi dada pelo juiz que analisou o caso.

A chance de Trump ser preso é relativamente pequena, segundo analistas norte-americanos, tendo em vista, por exemplo, a idade dele, o fato de ser sua primeira condenação e de o crime não ter sido violento. E, ainda que seja preso, ele não fica impedido de governar.

Mais processos na Justiça

O republicano ainda é réu em três processos diferentes, com dezenas de acusações. Em um dos processos, Trump é acusado de tentar reverter de forma ilegal as eleições presidenciais de 2020. Ele sistematicamente contestou a sua derrota nas urnas naquele pleito, que culminou na invasão do Capitólio (o prédio do Congresso dos EUA) em janeiro de 2021.

O republicano é acusado ainda por 18 mulheres de crimes sexuais — três deles estupros — segundo um levantamento da rede de TV norte-americana ABC. Ele nega todos os casos.

Trajetória de Trump

Trump entrou na política em 2016 já no posto máximo de seu país, a Presidência da República, ao vencer a democrata Hillary Clinton. Com isso, ele empurrou a sua sigla para uma direita ainda mais radical. Na campanha deste ano, foi além e prometeu a maior deportação de imigrantes na história dos Estados Unidos.

Logo no começo da sua primeira gestão, Trump iniciou a construção de um polêmico muro em algumas áreas da fronteira entre EUA e México. O projeto, no entanto, foi abandonado e ainda está sem conclusão.

O republicano também retirou os EUA de uma série de tratados e acordos internacionais. Um deles foi o acordo nuclear histórico com o Irã que seu antecessor, o democrata Barack Obama, havia conseguido costurar.

Trump aplicou uma série de sanções ao país rival, que retomou seu programa nuclear e, atualmente, ameaça usá-lo para fins militares, em meio às tensões com Israel.

Ao longo do seu governo, Trump repetiu ameaças de que retiraria os EUA da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), alegando que outros países-membro, principalmente os europeus, deveriam aumentar seus gastos militares para engordar o arsenal da aliança. Na campanha deste ano, voltou a criticar a Otan.

Trump usou o mesmo pressuposto, o de que os EUA pagam mais que outros países, para também abandonar o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, alegando que as metas impostas aos norte-americanos eram muito altas. A retirada do acordo do clima foi uma das maiores polêmicas da gestão do republicano, que passou a presidência negando o aquecimento global.

Em paralelo, o ex-presidente conseguiu entregar uma série de vitórias para a ala mais conservadora do Partido Republicano no período. Ele nomeou três juízes da Suprema Corte, impulsionou cortes de impostos favoráveis a empresas e revogou uma série de regulamentações governamentais.

Seus quatro anos à frente da Casa Branca foram permeados ainda por dois impeachments, críticas por sua gestão na pandemia e, nos últimos dias, pela invasão ao Capitólio.

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