Em entrevista ao Jornal do Meio Dia desta terça-feira (7/4), o governador Ronaldo Caiado destacou, mais uma vez, a importância do isolamento social para contenção da pandemia pelo novo coronavírus em Goiás. Ao ser questionado sobre a atitude de prefeitos de alguns municípios do Estado que insistem em querer reabrir o comércio, ressaltou que o que está em jogo agora é algo muito mais importante, que é a manutenção da vida. "Depois, vamos recuperar a Economia, garantindo condições para que as pessoas voltem a viver com dignidade", reforçou. "Não é que eu queira impor regra, é questão de saúde pública. Como vamos responder amanhã o cidadão de Goiás, se não adotarmos hoje medidas firmes?", questionou.
Caiado revelou que fez questão de entrar em contato com os prefeitos e que todos recuaram da decisão. Disse ainda que tem incentivado os municípios a promoverem campanhas de solidariedade, a fim de amenizar o sofrimento da população. Também tem articulado junto ao Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) a liberação mais célere de recursos com destinação a micro e pequenos empresários, especialmente os que se encontram fora dos grandes polos econômicos do Estado. Ainda sobre a questão, Caiado sinalizou que, após o dia 19 de abril, será avaliada a liberação da retomada das atividades de forma gradual e regionalizada. "Não haverá uma única medida para todo o território goiano. Vamos levar em consideração a quantidade de leitos, a capacidade de atendimento e o índice de disseminação comunitária. Estamos trabalhando com plataformas que nos fornecem esses dados sobre a situação de cada município", detalhou.
Estas deliberações vão ser coordenadas pelo recém-criado Comitê Estadual Socioeconômico de Enfrentamento ao Coronavírus - Covid 19. Presidido pelo governador Ronaldo Caiado e composto por vários secretários, o órgão colegiado é integrado por membros dos setores público e privado, comunidades científica e médica. O comitê acompanhará de perto as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus, relacionadas às áreas econômica e social. Outra ação, tendo em vista os mais carentes, é a distribuição das cestas básicas arrecadadas pela "Campanha de Combate à Propagação do Coronavírus", iniciada hoje (7/4) pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). Mais de mil famílias moradoras do bairro Jardins do Cerrado 2, em Goiânia, receberam alimentos, caixas de leite e álcool líquido 70%.
Ao comentar sobre a sinalização que o Ministério da Saúde deu para uma possível adoção do chamado "isolamento vertical" – em que somente pessoas dos grupos de risco ficariam em isolamento – flexibilizando a circulação de pessoas, Caiado afirmou que esta possibilidade "é impossível". Ele comentou que o respeito aos protocolos estabelecidos se tornam ainda mais importantes, uma vez que o Estado, apesar de todos os esforços feitos, tem encontrado dificuldades para adquirir respiradores e equipamentos de proteção individual (EPIs).
Caiado reconheceu e agradeceu o apoio que vem recebendo da população neste sentido, uma vez que o Estado aparece em primeiro lugar em respeito ao isolamento social. Quando você libera todo mundo, não existem leitos para todos. Esse é o pior dos mundos, para o qual não deixaremos chegar", frisou Caiado.
Sobre a ânsia da população na busca pelos testes rápidos, explicou que muitos deles foram reprovados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), pela alta ocorrência do chamado "falso negativo" nos resultados. Ao encerrar a entrevista, não se furtou de, novamente, opinar sobre a permanência do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no cargo. Após elogiar muito a atuação do colega de profissão e amigo, Caiado reiterou que não faz sentido que haja disputa e desentendimentos entre o ministro e o Presidente da República, pois cada um tem seu papel muito bem definido. Sobre a possível demissão de Mandetta, comentou: "Tenho certeza de que não será demitido. Mas, caso acontecesse, eu não o deixaria chegar até o Mato Grosso do Sul. Ele ficaria aqui conosco".
CORRELATA
Amparo aos mais vulneráveis
Coordenadora do Gabinete de Políticas Sociais (GPS), a primeira-dama Gracinha Caiado também concedeu entrevista ao jornal. Ela falou da mobilização de todas as Secretarias de Estado do Governo de Goiás para angariar cestas básicas para doação às famílias em situação de vulnerabilidade. Os chefes das pastas têm atendido a um pedido do governador para contribuir com a Campanha de Combate à Propagação do Coronavírus promovida pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), em parceria com o GPS.
"O governador pediu o apoio das secretarias e, em um minuto, isso se transformou em uma disputa, uma disputa saudável de quem arrecada mais cestas básicas. E uma coisa que me deixou emocionada é que os secretários estão arrecadando e indo também até essas famílias para entregar as cestas, mostrando total responsabilidade e solidariedade com o povo que mais precisa. O pedido governador é um só: não deixar nenhum goiano desamparado neste momento", frisou a primeira-dama.
Gracinha explicou que as cestas estão sendo entregues aos goianos que fazem parte do Cadastro Único, do governo federal, tomando todo cuidado com a segurança da população. "Desde o primeiro dia do governo Ronaldo Caiado, temos trabalhado com o Cadastro Único, que são exatamente as pessoas que estão na vulnerabilidade [...] e existe um outro lado, que nos deixa muito preocupados, que é exatamente o distanciamento social. Por isso, com ajuda das secretarias, da sociedade civil organizada, da Polícia Civil, Polícia Militar, Bombeiros, estamos levando de porta em porta, de casa em casa", afirmou.
Sobre o auxílio do governo federal aos trabalhadores informais, lançado nesta terça-feira (7), Gracinha Caiado disse que muitas pessoas estão tendo dificuldades para efetuar o cadastro, uma vez que ele é realizado pela internet. Por isso, o Governo de Goiás está pensando formas de ajudar essa população que precisa receber o auxílio, mas não sabe como. "Eu sei que existem dificuldades, por isso estamos elaborando o Goiás Social, um apoio exatamente para que as pessoas entendam como fazer isso. Vamos ter também uma ouvidoria social para ajudar todos aqueles que leram, mas ainda assim não entenderam, para que procurem o CRAS ou liguem, que nós vamos dar esse apoio. Temos que ter integração", defendeu.