Como parte da programação alusiva aos 68 anos de Anhanguera, foi realizada, durante a manhã da última sexta-feira 5 de novembro, uma exposição de material histórico da antiga Estrada de Ferro de Goiás e apresentação de livros do escritor Edmar César, em especial do seu último título publicado: Estrada de Ferro de Goyaz – As Fitas de Aço da Integração – obra que tem alcançado grande repercussão nos municípios que foram cortados pelos trilhos dessa importante ferrovia que se manteve ativa por setenta anos, desde sua inauguração, em 1911; à sua extinção e a entrega definitiva de seu novo traçado ferroviário, em 31 de março de 1980, pelo 2º Batalhão Ferroviário – Batalhão Mauá, unidade de engenharia do Exército Brasileiro.
Segundo o escritor Edmar César, "Anhanguera – cidade ferroviária de Goiás – ao comemorar os seus 68 anos de emancipação política, rememoram de suas origens – a Estrada de Ferro de Goyaz – principal artéria de transportes dos idos tempos que tirou do isolamento o estado goiano, proporcionando-lhe a ligação aos grandes centros comerciais do país, como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e tantos outros, trazendo o desenvolvimento e o progresso para toda essa região.
Anhanguera é considerada o portal de entrada dos trilhos do progresso em Goiás por fazer divisa de estado e de município, com Minas Gerais e com Araguari, de onde vieram as fitas de aço da integração percorrendo o longo caminho ferroviário de mais de 470 km de extensão. Em Araguari, desde 1896, já se fazia presente e totalmente ativa a Companhia Mogyana de Estradas de Ferro cujo marco zero foi instalado em Campinas-SP, o que proporcionou o entroncamento, desde 1911, dessas duas importantes ferrovias: Mogiana e Goyaz."
No estante montado defronte ao palanque das autoridades, na Avenida Belchior de Godoy, em Anhanguera, foram colocadas várias peças históricas de um passado glorioso construído por inúmeros trabalhadores, ferroviários e prestadores de serviços que se dedicaram anos e anos de suas vidas para o funcionamento e para a manutenção da Estrada de Ferro e, principalmente, para a preservação da memória ferroviária.
No centro da exposição uma pequena réplica da antiga locomotiva vaporosa construída e cedida pelo ferroviário, maquinista e instrutor, Edson Linger.
Na lateral foi instalado um sino original de bronze que foi utilizado em uma das antigas estações da estrada de ferro e ao lado, uma sirene original que foi confeccionado aos mesmos moldes e na mesma época da sirene oficial que está instalada no Palácio dos Ferroviários, atual sede da Prefeitura de Araguari. Essa sirene, conhecida como "sereia" era utilizada para anunciar os horários do início e término de expediente para os funcionários da ferrovia.
Um dormente do único percurso original do primeiro trecho ferroviário, ainda existente, da estrada de ferro em Araguari, hoje, com 110 anos, foi colocado em exposição e chamou a atenção dos visitantes.
Outra peça histórica desse trecho original, ostentou lugar de destaque: A Cruz de Santo André, utilizada como sinalização de trânsito informando sobre cruzamento com uma via férrea em nível. Foi instalado, ainda, um banco de passageiros tendo ao fundo um banner com todo o trajeto da ferrovia envolvendo as estações e suas localizações no terreno. O local foi utilizado para entrevistas e fotografias pelos convidados e visitantes.
Fez parte do cenário histórico, uma mesa com diversos livros do escritor Edmar César, entre eles: Batalhão Mauá – Uma História de Grandes Feitos; Afif Rade – Um Marco da Imprensa Escrita de Araguari; São Gabriel da Cachoeira – Sua Saga, Sua História; A Voz da Selva e outros. Destacaram-se, ainda, vários quadros retratando as estações, os trens de ferro, o trabalho na ferrovia, as capas de livros do autor que deram um toque especial no local.
Um quadro chamou a atenção de todos: o da Estação de Anhanguera que foi inaugurada em 24 de fevereiro de 1913, construída no Km 54 da estrada e que foi demolida no início da década de 1980. Em uma das laterais, belíssimo exemplar de réplica nas dimensões aproximadas de 1,50 x 4,00 metros da locomotiva a vapor com a identificação nº 5.
Uma relíquia que foi encomendada pela Secretaria de Educação, exclusivamente, para homenagear Anhanguera – cidade ferroviária – da qual foram forjados vários ferroviários que trabalham na estrada, a exemplo do pai do atual prefeito Marcelo Paiva, o ferroviário chefe de trem Divino Silvestre de Paiva e tantos outros. A locomotiva, após o desfile, estacionou em espaço reservado, especialmente, para recebê-la, no qual destacou-se pela sua beleza, pela sua arte e pela sua história.
Ressalta-se no livro Estrada de Ferro de Goyaz que a linha de ferro iniciou seu tráfego somente no dia 15 de agosto de 1912 com a inauguração da Ponte Dr. Emílio Schnnor, conhecida por muitos como "Ponte do Bethout", construída sobre o rio Paranaíba no ramal Araguari a Catalão, com a passagem da primeira locomotiva sobre a antiga ponte, de 287 metros. Naquela data foi montado trem especial para o evento, tendo à frente a locomotiva nº 5, cujo maquinista foi Cesário Rodrigues e o ajudante, Antônio de Ávila. Daí a brilhante ideia da Secretária de Educação Flávia Miranda em criar essa réplica.
A inédita exposição do escritor, pesquisador e memorialista da Estrada de Ferro de Goyaz, Edmar César, ficará registrada pela sua importância fundamental no enaltecimento e reconhecimento àqueles que construíram a história de vários municípios goianos.
Destacou essa apresentação do autor pelo rico acervo apresentado, pela histórica visitação de autoridades, convidados, como Senador da República Luiz do Carmo, Deputado Federal Delegado Waldir Soares, os Assessores Especiais da Governador de Goiás Ronaldo Caiado: José de Sousa Cunha e Luiz Sampaio, os prefeitos das cidades vizinhas e da região, vereadores, ferroviários, estudantes, militares, personalidades,
professores, historiadores, enfim, o povo anhanguerino que pode conhecer um pouco mais da sua história, prestigiando e reverenciando tão expressiva data, com toda a emoção, entusiasmo, vibração e amor por esse município ordeiro e progressivo emancipado há 68 anos.
Assim finalizou o escritor Edmar César, responsável pela exposição de material histórico da ferrovia, na manhã da última sexta-feira 5 de novembro:
"Daquele tempo que se foi, muita coisa mudou, Anhanguera, a primeira cidade do estado de Goiás contemplada pelos trilhos da estrada de ferro é, hoje, uma aconchegante e receptiva cidade. A ponte, os trilhos e a antiga estação ferroviária não existem mais, porém, algumas lembranças, como a placa da passagem do trem noturno de passageiros pela estação, no dia 8 de novembro de 1952 e tantos outros objetos históricos, ainda são guardados por anhanguerinos que preservam a história ferroviária do município e agora, surge uma nova peça histórica, podemos assim considerar, à disposição de todos, que é o nosso livro Estrada de Ferro de Goyaz – As Fitas de Aço da Integração.
Todo esse conjunto são provas incontestes do grande papel desempenhado pela cidade de Anhanguera e pelos demais municípios que formam esse imenso e rico Estado de Goiás em prol do desenvolvimento do País.
Participar desse memorável evento do 68º aniversário da cidade foi muito gratificante."