Na manhã da última terça-feira (14/7) um assunto levantou grande discussão, não só na cidade de Catalão, como também, em várias partes do Estado, inclusive, na capital, onde virou manchetes de vários veículos e assuntos de programas de rádio: A invasão de um estúdio da Rádio Top FM, uma das emissoras comunitárias da cidade.
O Programa "A Hora da Verdade" da Top FM apresentado pelo jornalista e professor Mamede Leão, de segunda a sexta, ao vivo, das 10:00 às 12:00 h. E durante o programa que era transmitido, ao vivo, também pelas redes sociais do programa e dos participantes, um fato surpreendeu e chamou a atenção de toda cidade, inclusive da Policial Militar- PM.
Nas gravações, mostrou que enquanto o jornalista apresentava o programa, o vereador Rodrigo Carvelo – Rodrigão (Podemos) entrou no estúdio e destacou que a rádio era dele e que não haveria entrevista com o ex-prefeito de Catalão Jardel Sebba (PSDB). O jornalista tentou argumentar sobre o programa ser livre e independente, mas o vereador persistiu na tese e pediu a um de seus assessores que virasse a câmera do celular que fazia o registro pela internet e também desligou os transmissores da rádio.
O assunto se alastrou e a portas da emissora foi tomada por pessoas e repórteres de diversos seguimentos.
Em Catalão, a TV Sudeste foi um dos veículos que fizeram entrevistas, ao vivo, com os três envolvidos na grande polêmica. Nossa redação, acompanhou as entrevistas e fizemos a redação dos pontos inerentes ao ocorrido, sob o olhar dos três personagens.
O jornalista e Apresentador - Mamede Leão
Mamede Leão que também professor universitário, blogueiro e escritor foi categórico em suas colocações e mostrou ser destemido ao apresentar a sua visão sobre o ocorrido:
"Contra fatos, não há argumentos. Está na internet, tem o áudio, o programa foi retirado do ar, lamentavelmente, de forma brusca e arbitrária pelo vereador Rodrigão. E temos muito conteúdo que continuou sendo gravado por outra pessoa depois que foram desligados o transmissor e a câmara. Lamentavelmente, segundo ele (Rodrigão) é o dono da Rádio Top que, diga-se de passagem, é uma rádio comunitária, não pode ter dono. Mas segundo ele, é o dono e dela. E nessa condição, o ex-prefeito Jardel, não fala lá"
Sobre o uma pergunta feita em muitos grupos e redes de relacionamentos sobre continuar ou não, na emissora, ponderou:
"O meu futuro na rádio Top, para falar a verdade, não sei. Nem sei meu futuro daqui 10 minutos. Então não sei dizer o que vai acontecer. Sei que eu não faço programa cerceado, não faço programa onde não posso entrevistar quem eu queira e, muito menos, aceito arreio, espora, chicote e freio. Não aceito! Sou jornalista livre, independente e vou continuar sendo. Agora amanhã é outro dia, vamos aguardar!".
De acordo com Leão, depois que a câmera foi virada e que os microfones desligados ainda aconteceram muita coisa:
"Algo inaceitável! O segurança do vereador Rodrigão virou a câmera de forma arbitrária e truculenta é houve alguns empurrões, um dos diretores da emissora Elson Galdino foi empurrado e agredido pelo vereador Rodrigão pessoalmente. E os seguranças tomaram e desligaram um celular que fazia transmissão. Felizmente, nesse exato momento, a Polícia Militar chegou e, em grande quantidade, o que não deixou que outras coisas piores acontecessem. Depois de desligado a câmera que estava gravando, outro equipamento continuou gravando. Digo que, não fui agredido pessoalmente, não fui agredido fisicamente, mas tive a minha liberdade de expressão cerceada pelo vereador Rodrigão que, sinceramente, não entendi o posicionamento dele. Não sei por que, mas, não concordo com isso. E penso que, em pleno século XXI, e justamente, no dia que se comemora a liberdade de expressão, um vereador, representante dos trabalhadores, proibir que alguém trabalhe na comunicação, é no mínimo, triste e lamentável. Então, é um dia para entrar para história de Catalão - o dia que o vereador Rodrigão invadiu o estúdio de um programa livre e independente, se dizendo dono da rádio, não permitindo que um ex-prefeito falasse. E aqui, não estou fazendo juízo de o valor sobre o ex-prefeito. Ele é um cidadão comum, como todo mundo, e, tem o direito de falar, principalmente, em uma rádio comunitária".
Destacou ainda que o uso da emissora da forma que aconteceu, fere o principio da constituição e concessão concedida para o funcionamento da rádio:
"Primeiramente, tem que deixar claro que rádio é concessão pública, que TV é concessão pública, e que, rádio comunitária, mais ainda, por se tratar de uma concessão pública que deve ser gerida pela comunidade. Quando o vereador Rodrigão fala que isso é uma questão pessoal, significa que ele tem que resolver isso no âmbito pessoal. Então, ele está errado ao desligar os transmissores, ao invadir a rádio e os estúdios com seguranças. Isso é digno de vergonha, a pessoa fazer isso. O vereador Rodrigão tinha que pedir desculpas para a comunidade catalana. O princípio da liberdade de expressão, da comunicação é simples como a constituição federal pede: agir com jornalismo ético e com imparcialidade. E é o que procuro fazer, inclusive, já entrevistei o vereador Rodrigão lá na rádio, nesse programa. Entrevistei pessoas de todos os partidos, entrevistei todos os candidatos a prefeito, só não entreviste o prefeito Adib Elias(Podemos) porque ele não quis ir, o que é direito dele, assim como meu direito em convidá-lo. Agora especificamente, nesse dia de hoje, é uma vergonha! Estou envergonhado, porém não vou me dobrar a esse tipo de atitude. Foi um ato lamentável vergonhoso e ridículo patrocinado pelo vereador Rodrigão, com seguranças, talvez incentivado ou patrocinado por alguém. Pode ser que alguém esteja por trás, pode ser mais uma negociata, a gente não sabe. Mas eu continuo do mesmo jeito é eu não vou envergar a esse tipo de atitude".
O jornalista disse ter registrado um Boletim de ocorrência e disse que também acionará o Ministério Público-MP para Formalizar denuncia sobre situação da emissora que ela acha que fere os princípios da legalidade estabelecida por lei para se ter a concessão:
"Quero dizer que fiz um boletim de ocorrência na Polícia Civil e, amanhã pela manhã, vou também fazer uma denúncia ao MP. Porque como o vereador falou, várias vezes, ele é dono da rádio, ali é a cozinha dele e ninguém entra na casa dele. Rádio comunitária não é assim, rádio comunitária não pode acontecer isso".
O Vereador - Rodrigo Carvelo (Rodrigão)
Rodrigo Carvelo é sindicalista, suplente a deputado estadual, está no segundo mandato de vereador e foi vice-prefeito no mandato do terceiro personagem da história-Jardel Sebba. Sobre o ocorrido destacou não haver por parte dele arrependimento e que o ocorrido se deu por parte dos sócios não cumprirem acordo sobre pessoas a serem entrevistadas:
"Primeiro não tenho arrependimento do acontecido. Se fosse preciso fazer, faria tudo novamente e, do mesmo jeito. Sempre ajo com respeito e educação, isso vem de berço. A Rádio Top passou por uma reestruturação, há quase um ano, onde o grupo do MDB faz parte da diretoria. E dessa forma a programação foi dividida, e, eles têm o poder sobre a Rádio Top também. Só que, tinha uma cláusula onde três pessoas que são desafetos políticos meus, não falariam na rádio. E ontem, estava escutando a rádio e anunciaram que o ex-prefeito Jardel iria à rádio. E, ele era um dos três que não poderiam falar. Liguei para o Elder Galdino (MDB) perguntando se ele recordava do acordo, fiz o mesmo com os irmãos Elsinho e Onofre Galdino (prefeito de Ouvidor -MDB) e eles deram a entender que iriam passar por cima do acordo. Afirmei que na rádio ele não falaria. E que era questão de honra minha. E não pelo conteúdo que ele iria falar, mas pelo problema que tenho com ele".
O vereador destacou que abriu mão e o filho do ex-prefeito havia falado na emissora. Que todas suas ações estão disponíveis para ser analisadas e que não teve nenhum ato contraditório na ação, nem por parte dele e dos seus assessores:
" Semana passada, o filho dele (Jardel), o deputado estadual Gustavo Sebba estava lá. E, inclusive, falou mal de mim. Não tem problema nenhum, estou pronto para o embate político. Só que a questão com o pai dele é pessoal. Então, estive na rádio e o vídeo fala por si. Não preciso falar nada porque pelo vídeo, todo mundo pode julgar o que que aconteceu. Não ando com segurança, aqueles dois rapazes estavam me acompanhando são: o Cesinha negão que é meu irmão, trabalha comigo há mais de 10 anos. E nunca andou armado e o Paulo Henrique da mesma forma. Assim como eu também nunca andei armado na minha vida, nunca dei um tiro de revólver. Mas, quando vou para o embate para defender os trabalhadores, a Associação do Câncer, a minha casa, porque a rádio é minha casa, ela é minha. Então, gato acuado, vira tigre, e, com certeza, vou até as últimas consequências".
Rodrigão foi enfático ao dizer que seu problema com o ex-aliado é pessoal:
"Meu problema com o Jardel é pessoal! Ele é o cara que tentou destruir minha vida. Até quando perdi meu filho, ele teve um posicionamento muito infeliz. Era vice-prefeito, na época, e, ele não declarou luto oficial. Ainda fez uma postagem muito infeliz no twiter e no facebook. Não tenho medo de apanhar politicamente de ninguém, sou homem público, forjado na luta e respeito todas as críticas. Como falei o filho dele falou mal de mim na rádio, mas estou pronto para embate político. Agora esse cidadão, esse ex-prefeito, enquanto vida eu tiver, e estiver na direção de uma rádio, ele não fala lá".
Sobre as colocações de Jardel em torno do motivo de sua demissão da Secretaria de infraestrutura, o vereador colocou:
"Ele fala que minha ex-esposa falou que eu estava fazendo desvio. A esposa dele que não sei se é atual ou ex-esposa, também, não o denunciou a polícia, mas, a polícia foi na minha casa ou na casa dele? A polícia levou meu cofre ou o cofre dele? A polícia levou meu celular ou o celular dele? Então quem que é o errado? Saí com sete meses e ele ficou três anos e cinco meses e não deu conta de provar o que eu desviei. Incompetente sei que ele é demais. Não dá conta de se quer honrar as calças que veste. Ele tinha um compromisso comigo de me fazer deputado, isso porque ganhou para prefeito só porque eu ajudei ele com meus votos. Só que, agora, provei que tenho mais voto que a família dele, ganhei do Gustavo na última eleição de deputado. Realizei o sonho dele ser prefeito e o meu sonho de ser deputado virou um pesadelo. Agora a polícia de forma inesperada visitou ele e o filho dele, apreendendo o telefone, cofre, bloqueando R$ 14 milhões. E aí pergunto: por que os meus não foram bloqueados? Ele não tem resposta, sempre vai arrumar essa desculpa aí. Agora, se eu não falo na rádio dele e ele não fala na minha, vamos marcar um debate na TV Sudeste, e, aí a gente vai debater frente a frente, e, nós vamos ver quem é quem!".
Sobre ao futuro do Professor Mamede na Rádio Top ele adiantou:
"Não saio da Rádio Top, se quiserem continuar é do meu jeito. Metade da programação para cada um, e, essas três pessoas, continuam não falando. Porque sou da época que morre um homem, fica o nome. Fiz um acordo com uma pessoa, doa a que doer, tem que cumprir".
Para Rodrigão o fato não deu notoriedade ao ex-prefeito:
"Requentar comida ruim, isso aí não vira nada. Você nunca mais vai ver um sucessor dele, na linha de sucessão, nenhum filho, neto, acho que até a quarta geração, nunca mais vai ver um Sebba dessa linhagem, assumir a Prefeitura de Catalão. O cheiro de jaratataca dele é muito forte, o que ele fez, em quatro anos, pode ter certeza que vai repercutir nos próximos 200 anos. E as redes sociais no não deixam apagar. Então, sempre que ele for candidato ou algém da família dele, com certeza as pessoas vão colocar aquelas imagens do que ele fez. O filho dele foi candidato a deputado estadual e perdeu até para o Deusmar Barbosa! Ele sabe que a taca é forte. O Jardel não está inelegível, só está com os bens bloqueado e tem secretário dele que foi preso esses dias. Então, por que ele não é o candidato a prefeito de Catalão? Por que está colocando o filho dele como boi de piranha? Acho que, nesse processo o filho dele deve ficar em terceiro ou quarto lugar. Sobre o Jardel digo que não tem como ressuscitar morto! Quem ressuscitou foi Jesus Cristo, esse aí está enterrado, e, nunca mais vai ter um cargo eletivo. Pode ter certeza que manchou a biografia dele para a vida toda. As pessoas não lembram da Assembleia, ele como deputado, lembram que ele foi o pior prefeito da história da nossa cidade que, inclusive, deixou até criança por falta de ambulância".
O ex-prefeito - Jardel Sebba
Jardel Sebba foi deputado por quatro mandatos, presidente da assembleia em três mandatos e prefeito de Catalão. Sobre o ocorrido envolvendo seu nome disse ficar surpreso e que entende o porquê do ocorrido. Segundo ele nunca fez nada para o vereador a não ser demiti-lo por justa causa:
"Estava tendo um debate na internet porque estou fazendo vídeos levantando questão sobre as pastas políticas na minha gestão e na atual. E chamando às pessoas para uma análise comparativa, sem paixão, sem simpatia política pessoal ou partidária. E por esse motivo me ligaram pedindo para fazer uma entrevista no programa A hora da Verdade, com o professor Mamede. E aceitei porque sou fã do Mamede o admiro, admiro a inteligência dele. E pedi que fosse por telefone porque sou do grupo de risco, tenho 71 anos. Então tenho medo do de ser contaminado pelo novo coronavírus. Pela manhã e recebo o telefonema do Mamede perguntando se eu poderia ir pessoalmente, era um risco, mas disse que tomaria as medidas de segurança e iria. Quando estava saindo de casa, o professor Mamede me liga novamente e disse para que não fosse porque o Rodrigão teria entrado na rádio desativado o transmissor, os computadores, celulares e disse que a rádio é dele e que eu não falaria depois do que fiz com ele".
Ao ser questionado sobre o ele teria com feito com o ex-aliado, ressaltou:
"Eu não sei o que fiz com ele. A única coisa que fiz, foi demiti-lo da Secretaria Municipal de Infraestrutura. E isso, depois que a esposa dele, a Pretinha gravou um áudio e foi falar comigo pessoalmente que ele estava roubando, que ele tinha montado uma quadrilha lá dentro e que toda noite se reuniam para fazer e tratar dos esquemas, para direcionar quem ia cobrar de quem tinha caminhão outras coisas lá de dentro. Eu o chamei e disse vamos falar, para não ficar ruim, que tivemos uma discordância administrativa. Nunca mais se quer falei no nome dele e ele se tornou um adversário, o que é comum e tenho vários. Mas no fundo me falaram que a verdade é que ele tem ciúme do filho que é moço bonito, pessoa boa e que não tem nada que manche a sua história".
Sobre as colocações de Rodrigão que ele teria dado um golpe para que o vereador não fosse o se candidato a deputado estadual na ocasião, o prefeito foi direto:
"Ele seria meu candidato a deputado. Não, na verdade ele "era" o meu candidato a deputado estadual, com certeza absoluta. Mas depois das denúncias gravíssimas da esposa dele, ficou impossível, ela disse que ele estava fazendo desvios, fazendo atos de corrupção. E isso, não poderia aceitar. Ser administrador de uma cidade como catalão já é muito difícil, aí a esposa do seu vice-prefeito, secretário de uma pasta importante vem te apontar esses atos de corrupção?! Não tinha outra coisa que eu pudesse fazer. Está tudo gravado, não tem como negar. E, diante de tudo isso que se tornou público, tive que demiti-lo".