Em um contexto em que a inteligência artificial, a internet das coisas e os robôs já fazem parte do cotidiano das pessoas, o domÃnio do conhecimento em tecnologia e programação está se tornando elementar. Embora ainda não seja disciplina obrigatória na matriz curricular da educação no Brasil, escolas goianas já incluem disciplinas como pensamento computacional e robótica na grade da educação fundamental. Com isso, os frutos já começam a aparecer.
Dez estudantes goianos de uma mesma escola foram destaque na maior competição de robótica no mundo, realizada neste ano em solo brasileiro, em São Luiz do Maranhão, entre os dias 5 e 9 de agosto. Trata-se o Campeonato Mundial de Robótica (RoboWorld Cup), da Federation of International Robot Sport Association (FIRA) com 1500 participantes de 22 paÃses competindo, divididos em 300 equipes
O grupo integra a Escola Canadense Maple Bear Goiânia, que começou a participar do mundial nos últimos três anos e, desde sua primeira participação, vem trazendo medalhas para o Estado a cada edição. Em 2024, os representantes de Goiás trouxeram três: duas de ouro e uma de bronze.
"Esse prêmio significa para a comunidade escolar e para Goiás que o investimento em uma boa educação gera frutos para além de medalhas e troféus. Gera no ser humano o desejo e a autoconfiança para realizar grandes feitos", considera Sabrina Oliveira, diretora geral da Maple Bear Goiânia, ao destacar ainda que as vitórias estimularam mais escolas goianas a participar do campeonato.
Ela explica que, desde 2019, a escola inseriu as disciplinas de pensamento computacional em suas turmas de Educação Infantil e, a partir do Ensino Fundamental, a robótica. "Até o sexto ano, são disciplinas obrigatórias dentro da escola. A partir do sétimo, permanece quem deseja ser preparado para competições", explica. Atualmente, 20 alunos integram o clube da robótica com aulas semanais.
Aluno do primeiro ano do ensino médio, Arthur Guissoni, de 15 anos, é um dos que participou do campeonato pela terceira vez, sempre trazendo um troféu nas mãos. Ele também participa das aulas de robótica na escola desde o inÃcio do ensino fundamental. "Quando a gente conclui um projeto, tem uma satisfação imensa de ver o robô fazendo as funções sozinho", conta ele, que não sabe bem o curso superior que vai fazer, mas já tem uma certeza: tem a ver com a programação.
Já Natália Bastos Canut Costa, de 14 anos, foi uma das três meninas da Escola Maple Bear Goiânia que participou da competição e percebeu que o grupo feminino ainda é minoria em todas as delegações. Na prova em que foi campeã, era a única mulher que integrava as equipes finalistas do Brasil, Irã e Canadá. "Acho que é cultural, está melhorando aos poucos", disse ela, que esteve pela segunda vez no FIRA. "As meninas estão perdendo de não participarem. São muitas experiências, não é só programar um robô. A gente aprende o valor do esforço e do trabalho em equipe", diz.
Carlos Alexandre Costa Melo, de 15 anos, que foi pela primeira vez ao FIRA, diz que este foi o grande aprendizado que teve no campeonato. Ele conta que sua função era ser um suporte: tirar dúvidas com os juÃzes do campeonato, observar os concorrentes para trazer soluções melhores durante a competição, entre outras. "O que me pediam eu tentava fazer o meu melhor e entendi que cada um dava a sua contribuição. A gente não consegue fazer tudo sozinho. No grupo, sempre tem uma discussão, mas eu aprendi a lidar com isso como algo positivo", conta.
Essas habilidades integram as soft skills, que atualmente são grande demanda do mercado de trabalho, sendo inclusive mencionadas pelo Fórum Econômico Mundial como habilidades do futuro. "Dentro de cada equipe, o programador tem sua importância, assim como o montador, que precisa levar em consideração os componentes e autonomia do robô para que seja eficiente, assim como aquele que tem a criatividade de pensar em soluções rápidas para os desafios", complementa Sabrina.
Ela explica ainda que a metodologia canadense, que desenvolve o protagonismo dos alunos no processo da educação, também ajudou a prepará-los para se adaptarem bem à robótica. "Trabalhamos as soft skills desde os dois anos e a robótica é um excelente laboratório para praticá-las", diz.
Fonte: Com Informações da Comunicação Sem Fronteiras