Debaixo de um sol forte, com quase 30 graus de temperatura e umidade próxima dos 25%, a população acompanhou o desfile cívico-militar de 7 de setembro em Brasília (DF), em comemoração aos 202 anos da Independência do país. A Capital federal completou, neste sábado, 137 dias sem chuvas: o maior período de seca dos últimos 14 anos. Mesmo assim, desde as 6h20 da manhã as pessoas foram chegando à Esplanada dos Ministérios para se acomodar nas arquibancadas.
Wagner Luz dos Santos, brasiliense de 46 anos, veio de bicicleta participar do evento, que lhe traz a memória do pai, falecido em 2012. "Meu pai me trazia para o 7 setembro, porque eu sempre quis ser policial, não é? Então, sempre quis ver de perto as viaturas da polícia, os policiais, as aeronaves, helicópteros", recordou.
João Pedro Apolônio, estudante de Estatística que mora em São Paulo e veio visitar os pais neste feriado, também resolveu enfrentar o sol forte e encher a cabeça de boas memórias. "Aproveitei porque o desfile é muito bacana, né? Gosto muito de vir, ver as pessoas marchando me lembra a época do colégio, porque eu marchei lá uma vez, quando fui do Colégio Militar. Então é um dia bem emocionante, dá muito orgulho", confessou.
Desde criança, Douglas Alves de Souza, engenheiro civil de Brasília com 28 anos, também acompanha o desfile — inicialmente, na companhia dos pais. "Vim hoje porque fiquei com muita vontade de ver o desfile, que é algo que, como brasileiro, me faz sentir orgulho da nossa nação, né? De saber que, mesmo com todos os problemas, somos uma nação independente, unida e buscando a prosperidade em todos os sentidos possíveis", afirmou.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS — Em 2024, sob o lema "Democracia e Independência – É o Brasil no rumo certo", o desfile uniu vários simbolismos, um deles o esforço da nação em torno do apoio e do processo de reconstrução do Rio Grande do Sul, após a crise climática que se abateu sobre a população gaúcha em maio. O desfile contou com 500 estudantes de escolas públicas do Distrito Federal, parte deles se apresentaram com roupas típicas gaúchas, em homenagem ao estado e aos voluntários que ajudaram na reconstrução.
Os jovens ainda desfilaram com as bandeiras de cada uma das 27 unidades da Federação e com placas e bandeiras alusivas ao G20, que em 2024 está sob a presidência do Brasil, trazendo a temática do combate à fome, à pobreza, à desigualdade e com foco na sustentabilidade.
"Acho que os povos originários, donos dessa terra, têm a sabedoria e o conhecimento necessário para ajudar a gente atravessar essa crise", argumentou Tatyanna Falcão, brasiliense de 48 anos que acompanhou o desfile neste sábado. "Como bióloga, como cidadã, tenho certeza que a gente tem a solução e ela está onde o problema está. Com empoderamento da base — no sentido de dar poder mesmo, dar conhecimento, dar acesso — fica muito fácil, porque a gente vai ter um sentimento de comunidade que é o que os povos originários pregam".
ATLETAS OLÍMPICOS — Por ser realizado em um ano com tanto significado para o esporte, o desfile também foi marcado pela participação de 30 atletas que disputaram os Jogos Olímpicos de Paris, encerrados no dia 11 de agosto. Eles integram o Programa Atletas de Alto Rendimento, coordenado pelo Ministério da Defesa, e o Bolsa Atleta do Governo Federal. O atleta Caio Bonfim que, na França, conquistou a prata inédita para o Brasil na marcha atlética, foi o porta-bandeira do grupo.
O Bolsa Atleta é o programa de patrocínio direto do Governo Federal aos atletas, e chegou em 2023 a um recorde, com mais de 9 mil atletas olímpicos e paralímpicos contemplados. Na França, todas as medalhas conquistadas pelo Brasil – 3 ouros, 7 pratas e 10 bronzes – estavam conectadas ao Bolsa Atleta. Dos 60 medalhistas em Paris — 48 mulheres e 12 homens — 100% são integrantes do Bolsa Atleta ou estiveram em editais ao longo de suas carreiras.
O Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) envolve 570 atletas em 35 modalidades, incluindo 27 olímpicas, e promove a excelência esportiva e o desenvolvimento de talentos. Além de proporcionar benefícios como salário, férias e assistência médica, o PAAR oferece instalações esportivas militares de ponta para treinamento.
ATENDIMENTOS E SEGURANÇA — Ao todo, neste feriado da Independência, o desfile mobilizou quase 9 mil pessoas, incluindo militares, estudantes e atletas. Foram 3.990 pessoas que participaram dos desfiles a pé, motorizados (em 133 viaturas) e montados (cavalos). A equipe de segurança, formada por militares da Marinha, Exército e Aeronáutica, além de equipes da segurança pública, envolveu 4,9 mil pessoas.
Equipes do Corpo de Bombeiros foram posicionadas em diferentes pontos da Esplanada, além de viaturas para pronto atendimento e emergências pré-hospitalares, incêndios e salvamentos. Ao lado do Museu da República, o governo do Distrito Federal montou a "Cidade da Segurança Pública", para servir como ponto de apoio às forças de segurança e demais órgãos atuantes no evento. Conselheiros tutelares e servidores da Vara da Infância e Juventude também estão na Cidade da Segurança para atendimento a crianças perdidas.
O policiamento na região teve o apoio de imagens de drones e das câmeras localizadas no comando móvel da Polícia Militar. A Delegacia Móvel da Polícia Civil esteve posicionada na Esplanada para o registro de ocorrências policiais e o bloqueio de celulares roubados ou furtados, por meio do programa "Fora da Rede". A 5ª Delegacia de Polícia localizada na região central, assim como a Delegacia de Atendimento à Mulher I (Deam I), que fica na Asa Sul, e a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) funcionam neste feriado com reforço no atendimento e nas equipes de campo.
PRONUNCIAMENTO — Na sexta-feira, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, exaltou a democracia em pronunciamento transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão. "A democracia é mais do que votar no dia da eleição. É lutar pela conquista de direitos. O direito de fazer três refeições por dia, morar com dignidade, ter um bom emprego, salário justo, segurança para cuidar da família e conquistar um futuro melhor para nossos filhos", acrescentou.
De acordo com o presidente, "a vitória da democracia permitiu que trouxéssemos de volta as políticas de inclusão social que retiraram milhões de pessoas da pobreza. Permitiu que tivéssemos, de novo, uma política externa ativa e altiva, à altura da grandeza do Brasil. Que a saúde e a educação voltassem a ser prioridade. Que a ciência derrotasse o negacionismo. E que o combate a todas as formas de desigualdade voltassem à ordem do dia".
Fonte: Com Informações da Secretaria da Comunicação Social - Presidência da Republica