As gêmeas siamesas Kiraz e Aruna foram submetidas na manhã de quinta-feira (17) no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), a uma cirurgia para a implantação de dois expansores de pele. O procedimento, que durou duas horas, é fundamental para o processo de separação das meninas que deve ocorrer no início do próximo ano. As crianças estão estáveis e em observação.
Segundo o cirurgião pediátrico Zacharias Calil, o procedimento tem a função de estimular o crescimento mais rápido da pele das crianças para que haja tecido suficiente para cobertura dos dois corpos no momento da separação. "Nós implantamos próteses de silicone sob a pele das meninas, que funcionam como balões e são gradualmente inflados, esticando a pele para estimular o crescimento do tecido. O procedimento é uma preparação para a separação delas, que deve acontecer ainda neste ano", disse o cirurgião.
Zacharias Calil apresentou um biomodelo em impressão 3D que mostra a realidade física das gêmeas siamesas como bacia e órgãos internos, que serão separados na cirurgia posterior de separação. "É tudo pelo SUS, o centro em Campinas (SP) é quem fez o modelo. Inclusive veio um fígado separado, é a primeira vez que temos a impressão 3 D de uma vícera", ressaltou.
O médico cirurgião plástico Rogério Hamu integrou a equipe que realizou os implantes dos expansores e destacou que após a separação das crianças, falta pele para o fechamento da região abdominal. "Os expansores funcionam como um balão vazio introduzido por baixo da pele onde será inserido soro fisiológico para sua expansão. Assim, criamos pele para o fechamento", avaliou Rogério.
As siamesas compartilham tórax, abdômen, bacia, fígado, intestino, genitália e ânus. As irmãs tem um ano de idade, são naturais do interior de São Paulo e vieram a Goiás em busca da expertise única no país para casos de separação de gêmeos siameses: 22 cirurgias do tipo já foram realizadas na rede estadual de saúde de Goiás.
Tratamento
A estimativa de custo da assistência oferecida às crianças gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é de mais de R$ 1 milhão. Segundo o diretor–geral do Hecad, Ronny Rezende, o tratamento é de longa duração e envolverá mais de dez especialidades médicas, como cirurgia pediátrica, cirurgia plástica, urologia pediátrica, ortopedia pediátrica, cirurgia do aparelho digestivo e hemodinâmica.
"É uma intervenção de altíssima complexidade e de longa duração, que contará inclusive com biomodelo em 3D de alta fidelidade e realidade aumentada para que os médicos consigam visualizar de forma precisa a posição dos órgãos, avaliar os riscos e definir como será feita a separação de cada parte do corpo", contou o diretor. "Ficamos muito felizes em poder oferecer inovação e alta tecnologia em um procedimento que é 100% SUS", disse Ronny Rezende.
Fonte: Com Informações da Times Agência de Ideias