Expositores de diferentes regiões do estado participaram de Congresso da Semad, em Goiânia
Produtos feitos com matéria-prima do Cerrado foram atração do 1º Congresso de Gestão Ambiental Municipal, desenvolvido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Cinco expositores de diferentes regiões do estado comercializaram comidas, joias, bolsas, livros e até medicamentos naturais. Em Goiânia, o evento reúne prefeitos e servidores públicos do setor ambiental de todo o estado.
De acordo com o gerente de economia verde e circular da Semad, Ramon Trajano, a ideia de levar os comerciantes locais ao Congresso está ligada à sociobiodiversidade - conceito baseado na união de práticas sustentáveis com o desenvolvimento de comunidades locais, garantindo o sustento de diversas famílias.
Os produtos e serviços que derivam da sociobiodiversidade goiana são resultado do conhecimento herdado e construído pelos povos tradicionais, técnicas de manejo da comunidade e do uso de matérias-primas do Cerrado, como baru, pequi, cagaita, buriti, araticum, mangaba, entre tantos outros.
"Estamos com alguns expositores no Congresso apresentando seus produtos que vieram de várias regiões. Produtos da sociobiodiversidade, produtos que têm relação com o cerrado. Eles são guardiões de propriedades que têm essa relação com as árvores, com o cerrado, ajudando a manter o cerrado em pé", afirma Trajano.
Tradição
Em Goiás, povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e agricultores familiares desenvolvem práticas de manejo sustentável que integram os recursos naturais ao seu modo de vida. Essas práticas contribuem tanto para a preservação ambiental quanto para a geração de renda, fortalecendo a segurança alimentar e os mercados regionais.
O vencedor do Prêmio Goiás Sustentável de 2024, Sítio Boca do Mato, esteve no evento comercializando molhos e pastas feitos com frutos e castanhas do Cerrado. Há mais de uma década, o sítio funciona como uma agroindústria, em Mambaí. A representante Luciana de Paula, explica que a matéria-prima é coletada por agricultores locais e levada para a propriedade, onde é processada até se tornar o produto final.
"O principal produto que nós temos é o pequi, mas nós temos também molhos, pastas de pequi. A gente tem também a pasta de baru com ervas, geleias e agora, essa semana, chegou pra nós o produto novo que é a cagaita, um molho de cagaita, feito do fruto, que é agridoce", explica a representante.
O sítio conta também com uma parte destinada à hospedagem, pois a região é repleta de cachoeiras. Quem decide passar seus dias no local, pode aproveitar as riquezas produzidas com os frutos do Cerrado e curtir uma trilha privativa.
Para Luciana, expor produtos no Congresso é uma oportunidade para que comerciantes locais sejam vistos e tenham seus talentos reconhecidos. "A gente tá muito feliz com a aceitação, o pessoal tem gostado, todos têm vindo, experimentado", afirma.
Cura
Outra expositora presente no evento foi Ana Gabriela Gouveia, dona da Terra Peuta. A loja fica na Vila São Jorge, em Alto Paraíso de Goiás, e vende cosméticos, fitoterápicos, produtos para saúde e bem estar. "Faço óleos corporais fitoterápicos, cada um com uma propriedade medicinal, calmante, analgésico, pomadas cicatrizantes, repelentes, sabonetes medicinais, linha facial e chás", explica.
Medicamentos naturais com matéria-prima do Cerrado ajudaram a Gouveia a superar um momento delicado de sua vida, quando ela fazia tratamento para leishmanioses - uma doença infecciosa transmitida através da picada de um inseto chamado flebotomíneo, conhecido como mosquito palha.
"Eu contraí a doença em 2013. Na época eu morava no Paraná e vim pra Chapada pra me curar com a dona Flor, uma raizeira local, porque os medicamentos tradicionais estavam me fazendo muito mal. Mas depois disso eu não fui mais embora. Eu fiquei fascinada por esse universo tão simples e tão poderoso. Decidi abrir minha própria loja", conta.
A Terra Peuta existe há cerca de três anos e, desde o ano passado, conta com o apoio da Semad para expor seus produtos em eventos, como o Congresso. "Eu tô adorando, é bom demais ver esse trabalho ser valorizado, porque é uma coisa que a gente sempre usou, nossas mães, nossos pais, nossos avós, bisavós, e infelizmente tem sido esquecido. Agora que a gente tá resgatando novamente esses valores tradicionais. Quando o Estado apoia o seu trabalho tudo muda!", destaca.
Congresso de Gestão Ambiental Municipal
Esta é a primeira edição do Congresso de Gestão Ambiental Municipal. O evento gratuito, que está sendo realizado em Goiânia, no Atlanta Music Hall. teve início em 24 de fevereiro e termina nesta quarta-feira, dia 26. O objetivo é promover a troca de conhecimentos e experiências entre os gestores públicos, visando a uniformização das políticas ambientais em todo o estado.
"Entendemos que, nesse início de mandato dos prefeitos, era muito importante trazer todos aqui para que possamos pensar o nosso meio ambiente com bom senso, responsabilidade e conhecimento. Teremos três dias de muitos ensinamentos, aprendizagem, de muita troca", declarou a titular da Semad, Andréa Vulcanis.
Fonte: Com Informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - Governo de