A eleição deste ano traçou um novo cenário de representação partidária em Goiás, aumentando siglas como o PL, até então considerado um partido de porte médio, e consolidando a tendência de encolhimento de legendas que já foram grandes, como o PSDB. O primeiro foi o partido que mais aumentou sua representação, saindo de um para oito mandatários a nível estadual e federal; já o segundo foi o que mais reduziu, indo de sete para três em quatro anos.
Na comparação com 2018, dez partidos perderam mandatos no estado, e 17 tiveram menos votos do que no pleito passado. Na outra ponta, seis siglas conseguiram ampliar o número de seus eleitos, e 11 tiveram mais votos do que em 2018 — outras três conseguiram aumentar seu número de cadeiras, mesmo tendo menos votos do que há quatro anos, casos de MDB, PP e PT.
O partido que mais cresceu tanto em representação quanto em número de votos, puxado em grande parte pelo bolsonarismo, foi o PL. Em 2018, os candidatos da sigla tiveram 143.478 votos, quantidade que saltou para 2.132.659 neste ano, um crescimento superior a 1.300%.
Há quatro anos, a deputada federal Magda Mofatto foi a única eleita do partido, que passa a ter um senador, três deputados estaduais e quatro federais a partir de 2023. Presidente do PL no estado, o deputado federal Vitor Hugo afirma que a força de Bolsonaro em Goiás foi importante para o crescimento do partido, mas ressalta que a troca do comando local também pesou no resultado.
Segundo ele, "o partido era focado" na reeleição da deputada Magda Mofatto, esposa do ex-presidente do PL goiano, Flávio Canedo. "Quando assumi, democratizei o acesso aos recursos e ao tempo de propaganda. Tudo isso influenciou."
Vitor Hugo assumiu o comando do partido em maio deste ano, em articulação com a executiva nacional, depois que a ex-direção insistiu em apoiar a candidatura de Gustavo Mendanha (Patriota) ao governo. Vitor Hugo foi candidato ao governo e recebeu 516.579 votos, o que também contribuiu para o aumento da votação final do partido, que não teve candidato majoritário em 2018. Senador eleito, Wilder Morais (PL) teve 799.022 votos, e o partido ainda contou com 575.646 votos da chapa de deputados federais, dos quais 200.586 foram para Gustavo Gayer, influencer bolsonarista e o segundo mais votado para a Câmara dos Deputados em Goiás neste ano.
O cientista político Guilherme Carvalho relata que o novo cenário de representação partidária em Goiás que saiu das urnas neste ano mostra que "alguns partidos estão mais alinhados com os novos tempos do que outros". "O PL é um partido em que boa parte do investimento foi em fazer bancadas na Câmara Federal, que é a lógica atual, porque isso dá resultados em recursos orçamentários e tempo de TV e rádio."
O cálculo dos recursos do fundo eleitoral é feito a partir do tamanho das bancadas de deputados federais dos partidos, e o PL, em nível nacional, garantiu o maior número de assentos na Câmara a partir de 2023: 99. A Casa tem 513 deputados. "Isso faz o PL ser competitivo nas eleições seguintes, e essa lógica não foi acompanhada, por exemplo, pelo PSDB", afirma Carvalho.
O PSDB foi o partido que mais perdeu mandatários em Goiás, número que vem sendo reduzido nas últimas duas eleições. Em 2014, ano da última reeleição de Marconi Perillo como governador, o partido elegeu sete deputados estaduais e seis dos 17 federais, garantindo a maior bancada na Assembleia Legislativa e a maior participação entre os goianos na Câmara.
Na eleição seguinte, quando o PSDB perdeu o governo e Marconi não conseguiu a eleição ao Senado, a legenda elegeu seis deputados estaduais e um deputado federal. Neste ano, a sigla não lançou candidato ao governo, Marconi foi superado novamente no pleito pelo Senado — justamente por Wilder Morais, do PL, que se associou a Bolsonaro na campanha — e o PSDB assegurou apenas dois estaduais e um federal.
Fonte: Com Informações do O Popular