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Legislativo

Catalão: Vereadores fazem duras críticas a falta de parceria do executivo com a casa de leis

Entre as pontuações e enfatizações feitas pelos representantes populares da bancada, estão: atraso nos projetos e desinteresse no atendimento de indicações e requerimentos feitos pelos parlamentares em favor da população


Vêm sendo recorrente as críticas dos vereadores de Catalão, em relação ao desinteresse de representantes do executivo, com as demandas daquela casa. Outro ponto que têm incomodado os vereadores são o atraso no envio de projetos. Mas, durante a 43ª Sessão Ordinária, onde todos os legisladores estavam presentes, muitas e duras críticas foram apresentadas pelos legisladores, inclusive, por uma parte daqueles que compõem a base do prefeito.

Projetos sem tempo

Os desabafos foram desencadeados com a apresentação do projeto nº 79/2022, de autoria do executivo municipal que denomina o complexo de lazer municipal (antiga Represa da Bica) em Parque Ecológico "Juliana Leite Barbosa - Dona Julia", situado no bairro Barca II.

Após o vereador Idelvan da Saúde (PODE) fazer a observação de que o sobrenome da homenageada no projeto, estava divergente com a certidão de óbito, o vereador Helson Barbosa de Souza - Caçula (MDB) parabenizou o colega pela percepção do erro a ser corrigido. E chamou a atenção dos colegas sobre o atraso em que, segundo ele, os projetos são enviados para a casa para apreciação dos edis:"Me corrijam se estiver errado, mas gostaria de chamar os colegas vereadores para a seguinte reflexão: Já não foi inaugurado o Parque Ecológico, inclusive, com a presença dos familiares da Dona Julia? De duas, uma: ou confia demais nessa casa, e acho que tem que confiar mesmo, por tudo que os nobres vereadores já demostraram através de seus trabalhos, ou, estão simplesmente, passando por cima de tudo e mandando para cá. Imaginem se nós resolvêssemos aqui nessa hora, por algum motivo, reprovar esse projeto de lei? Como ficaria, inclusive, com a questão da família que foi homenageada? Apenas estou falando isso para que os projetos cheguem nessa casa no tempo correto. Antes da inauguração deveria ter chegado o projeto nessa casa para ser votado. Apenas isso, para que nas próximas homenagens chegue no tempo certo para que os vereadores possam participar e realizar seu trabalho. É o que sempre busco aqui nessa casa: esse entendimento que nós possamos ter uma participação maior nas questões políticas da nossa cidade".


O presidente Dr. Jair Humberto da Silva justificou a forma da condução do evento e também um acordo que teria sido feito com os vereadores da base, diante da relevância da história da homenageada:"Só para esclarecer, a inauguração foi simbólica. Estive lá representando a câmara e, naquele momento, eu os vereadores que estávamos lá, e foi conversado conosco que a inauguração seria simbólica e depois o projeto tramitaria. Nós fizemos esse compromisso de aprovar e fazer essa homenagem. Sei que vossa excelência não se oporia. A sua reclamação feita pelo senhor é justa, mas preciso ser justo dizendo que isso havia sido conversado com os vereadores que a inauguração seria simbólica".


Caçula, respondeu pontuando sobre a forma que vê outras inaugurações que ele também classifica como simbólica: "Totalmente compreensível, aliás todas as inaugurações feitas, elas têm sido simbólicas! Aja vista, a inauguração do Centro de reabilitação, que já falamos várias vezes aqui, que foi inaugurada, há mais de 7, 8 meses, e até hoje, não está funcionando. Então o que quero dizer é que se sabiam que a inauguração seria feita e que iria ser ter uma homenageada, por que não mandar o projeto no tempo hábil para ser votado? Mas, se ninguém incomoda com isso, paciência, vida que segue.".


O vereador Higor Bueno (PROS) que usou a palavra para elogiar a homenageada de forma minuciosa, também demostrou insatisfação com a forma e tempo em que o projeto de lei foi votado: "Compartilho com o vereador Caçula, do pensamento acerca do projeto, por fiquei surpreendido com ele. Fui convidado às 16h, no dia da inauguração simbólica, e, até então, não sabia que seria denominado de "Dona Julia", inclusive fui eu que busquei a Dona Helena (filha da homenageada). Mas, o que quero deixar registrado é que, quando a gente tem que elogiar, a gente elogia, mas quando temos que debater ou questionar um tema, vou fazer também. Esse é o papel de todo mundo aqui dentro. Sou companheiro e acredito na forma de governo da Prefeitura, sou situação! Mas a forma com que o projeto foi colocado, não concordei. A forma que foi feita, não concordei, porque nós não precisamos disso, dispomos de tempo, temos aqui(câmara) uma assessoria jurídica, a prefeitura tem assessoria jurídica que, pode fazer com que, os mesmos sejam encaminhados com a antecedência necessária. Não há necessidade de ser encaminhado e seja é feita a votação às pressas, totalmente desnecessário! No entanto, entendi que era uma surpresa boa, naquele momento, entendi a leitura que eles haviam feito para colocar o nome dela lá. Entretanto, deixo aqui a minha crítica, pode chegar sim antes, pode ser colocado antes, uma vez que, os pareceres não são feitos às pressas, eles demoram. Então é um apelo que eu faço para que a prefeitura consiga passar os projetos antes para que eles possam ser analisados com calma e com tranquilidade, porque a parte jurídica é burocrática, ela é complicada, se tiver um errinho tem que ser refeita. Então esse é o meu pedido".


Deusmar Barbosa da Rocha que está em seu sétimo mandato manifestou insatisfação por querer usar palavra durante a inauguração para classificar o trabalho e sua ligação com a homenageada, não conseguir, tendo sido vetado. E foi enfático o vereador em suas críticas à gestão do executivo: "Acho uma falta de respeito muito grande, não sei se é por parte do prefeito, ou dos colaboradores dele, por que há quanto tempo está fazendo aquela obra, será possível que não sabiam que iriam colocar o nome da Dona Julia?! O Adib não falou isso no dia da inauguração. Tive o Degrau 15 que era ao lado do hotel da Dona Julia e via toda a luta dela naquele empreendimento, o melhor de Catalão! Fui lá para parabenizar e falar da história, a respeito dela e não me deram a palavra, nem para mim nem para ninguém. Os vereadores ficaram tudo olhando para o tempo. Acertei comigo mesmo que, não vou mais em inauguração e em mais nada, por que isso servi para quê? Agora, vai lá inaugurar, faz discurso, faz homenagem ao nome da pessoa, depois o projeto vem para cá. E se fosse votado contra? Falta de respeito com essa câmara aqui! Isso aqui não é um puxadinho, não! Comigo ninguém falou, aliás tem muitas reuniões que não sou chamado porque o prefeito não anda gostando muito de mim. Veja bem, falta de respeito! Poderia ter feito uma reunião extraordinária, porque nós não recebemos nada por elas, e ter votado, a dona Julia que é uma pessoa importantíssima para Catalão que merecia receber muito mais que isso. O que não pode é passar o carro na frente dos bois. Os bois que puxam o carro, o carro não pode passar na frente dos bois".

Falta de Atenção e Parceria

O ex-presidente da casa não economizou no desabafo e ao dizer que já está velho e que nessa altura, não aceita cabresto: "Aqui está assim, manda requerimento para os secretários e eles fazem assim, embolam e jogam fora. Não atende ninguém, não atende nada. Tive uma grande votação na zona rural, e não posso fazer nada por eles porque o atendimento é zero. Acho que está faltando alguma coisa. Não sei o que fazer, estou há mais de dois anos, praticamente, sem ir à prefeitura, porque não sou atendido em nada. Estou com 65 anos, chego lá, está com aquela falação alta, não estou para isso mais, não aceito essas coisas mais, cabresto comigo é zero, porque já estou velho para isso. Não estou querendo discutir. Chega lá fala com um é não, falo com outro é não, falo com outro é não. É uma coisa que nós vereadores, não podemos aceitar. Hoje falei no corredor, o que nós estamos fazendo aqui? Eu faço parte disso! Como é que é isso, uma situação muito complicada, estou no meu sétimo mandato de vereador e nunca vi isso!"


Cleuber Vaz que está em seu segundo mandato e compõe a base do prefeito, também relatou seu descontentamento com a falta de retorno dos gestores do executivo: "Quero que o prefeito Adib Elias Júnior entenda que, cada um de nós, os 17 vereadores, estamos constantemente nos bairros, nós estamos frente a frente com os moradores e eles nos pedem. E nós através de requerimento que não tem valor, nós pedimos solicitamos e chega lá, eles embolam, rasgam, jogam fora e acabou. Nós queremos participar e, com isso, nós vamos ajudar ainda mais a administração, porque estamos ativamente nos bairros. E tenho certeza de que o prefeito vai olhar isso, porque, para nós está difícil, não nos atendem!".


Dr. Jair Humberto desabafou e citou o exemplo de um problema recorrente que ele solicitou por várias vezes, mas que não é atendido, sendo incisivo ao falar do descaso de algumas pastas para com o trabalho do legislativo: "Aqui tem um costume antigo e muito ruim que: tudo que dá errado, jogam no colo da Câmara Municipal de Vereadores de Catalão. Primeiro o processo é seguinte: a Câmara, o ela legisla, ela fiscaliza, execução não é conosco, é com a Prefeitura. Extraordinariamente, a gente ajuda através de indicações, requerimentos, damos sugestões como todos os vereadores aqui fazem. E o que nós queremos? Queremos ser ouvidos! Vou dar um exemplo: Fiz uma reunião em 2016, há mais de cinco anos, e, em um período chuvoso. Lá o rapaz pediu para que pudesse interver na resolução de problema crônico: quando chove naquela região, a chuva entra dentro das casas, inclusive, no dia da reunião, a garagem do rapaz estava alagada. Faço um requerimento um atras do outro, um atrás do outro, mas os nossos pedidos, eles não atendem, não resolvem. Fui lá no setor que poderia resolver para falar com o responsável e sabe o que ele falou? Que lá não entra água nas casas. Como ele sabe que não entra água, quem é ele para falar que não molha, se ele nunca foi lá? A única vez que ele foi, fui eu que o levei. O Luiz Claudio reclama no blog, eles resolvem, a TV mostra eles resolvem, mas nós, eles não atendem. Aí o vereador vai falar, eles acham ruim. Não sei por que esse povo acha que tem que discutir com vereador, se eles não sabem onde fica o bairro São Lucas e bairro dos Lucas. Mas chega à eleição é o vereador que vai pedir voto. E para os fofoqueiros de plantão, adianto, que não tenho medo das minhas colocações, porque não estou falando dê, estou falando sobre, estou falando sobre modelo de gestão que não está dando certo. Nós estamos querendo ter participação, ser ouvidos".

E foi muito categórico ao dizer: "Já vi no portão do almoxarifado, vereador e pessoas humildes serem maltratadas. E isso não pode aceitar. Criou-se uma história maldita que tudo que não dá certo é culpa dessa casa. Mas não é nossa responsabilidade fazer serviço de executivo. Cada um no seu papel, mas a gente sendo respeitado porque o que queremos é participar. E as pessoas que estão assistindo precisa saber disso, que as vezes ir sozinha é melhor, porque vereador é uma má companhia nesse processo".


Ricardo Allison ironizou a postura de uma superintendência que também foi alvo de crítica de outros vereadores, dizendo para que fosse feita uma vaquinha para a compra de materiais para que pudessem trabalhar para atender as demandas: "Deus ajudando que tudo dê certo nas nossas emendas impositivas, não sei se podemos incluir nas emendas, se puder, gostaria de incluir nas minhas emendas um recurso para o SMTC pintar as ruas. Fiz requerimentos para que fosse feita a sinalização do bairro Cidade Jardim. E delicado para os moradores e para a população que trafega a tantos anos e não tem ali, nenhuma sinalização. Mas o Kleiber me falou que não tem material, se ver alguma sinalização sendo feita no centro, é um serviço terceirizado, porque lá não tem material. Os requerimentos, a gente continua fazendo, mas infelizmente, é o que o Deusmar e todos os vereadores falam: eles pegam e não dão importância, deixam para lá ou jogam fora. O difícil é convencer a população que a gente faz a nossa parte, mas é difícil, ser feita a outra parte!".


O líder do prefeito na bancada, vereador Gilmar Antônio Neto, foi último a falar sobre o assunto das secretárias e superintendências. Ele, concordando com os colegas pares apresentou uma solução, segundo ele já existente, para amenizar a desarmonia entre os poderes: "A Câmara é uma Câmara parceira! É a Câmara que têm oposição, mas é uma oposição responsável, a Câmara que todo prefeito deseja ter, porque vota com responsabilidade todos os projetos. E a parceria tem que ser uma via de mão dupla. Os problemas aqui apresentados pelos meus nobres colegas vereadores em relação a algumas secretarias e a forma de tratamento, concordo com as colocações deles! E, nós temos uma solução que as vezes nós não usamos. Não é para constranger companheiros, como o vereador presidente foi feliz na sua fala, dizendo que não está aqui para agredir, estou para fazer colocações sobre uma pasta. Nós precisamos começar a convidar, e se, não comparecer, começamos a convocar. Vamos juntar essas demandas e apresentar aqui. Até para que quando recebermos as pancadas da sociedade em relação a alguma crítica, nós saibamos o que está acontecendo e assim como responder a população. Aqui é o vereador Gilmar que está falando e afirmo: já vivemos dias melhores, de mais parceria e harmonia entre os dois poderes".

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