Quase no fim de seu terceiro semestre, o governo federal, com o presidente Lula à frente, e a Fazenda, do ministro Fernando Haddad, seguem na mira de ataques de revisionistas que ignoram o rombo que o governo anterior deixou. Mais uma vez, o Brasil vive entre o reequilíbrio do desenvolvimento tendo que tapar buracos de militares.
A exemplo do governo militar anterior, a ditadura, que anunciava o milagre econômico e deixou o país em frangalhos e a inflação em disparada, o governo militarizado de Jair Bolsonaro, que se encerrou em 2022, também se articulou entre aparelhamento e forte relação com emendas parlamentares e aprovação de matérias de arrocho econômico, o ex-presidente e seu parceiro, Paulo Guedes, ex-ministro da Economia, para forjar um desenvolvimento e política de juros fantasiosas, que resultaram em desastre econômico.
Ainda no período de transição, em novembro de 2023, o então futuro ministro da Fazenda Fernando Haddad estimava uma "herança" pesada do governo Bolsonaro sobre
as contas públicas. Segundo Haddad à época, a perda dos estados com a mudança promovida por Guedes na regra do ICMS sobre combustíveis foi de R$80 bilhões.
O motivo? Medidas populistas e aparelhamento do estado em ano eleitoral, na tentativa de garantir continuação do poder – o que culminou até mesmo em tentativa de golpe com disseminação de mentiras sobre a idoneidade do processo eleitoral brasileiro. Segundo Haddad, os gastos populistas foram da ordem de R$300 bi.
Outro problema herdado, apontado pelo ministro já no primeiro mês à frente do ministério, foi o efeito cascata gerado pelo rombo, que causou um déficit nas contas públicas. Ficou para o governo Lula pagar precatórios atrasados, deixados pelo governo anterior.
Em 2022, o resultado público ficou negativo em R$230,54 bilhões, só perdendo para 2020, quando o déficit atingiu R$743,25 bilhões por causa da pandemia de covid-19. O déficit primário representa o resultado negativo das contas do governo sem os juros da dívida pública. O déficit de dezembro de 2022 foi o maior já registrado para o mês desde o início da série histórica, em 1997. Sem os precatórios, informou o Tesouro, o resultado negativo ficaria em R$ 23,8 bilhões.
Importante ressaltar que a decisão do governo Lula de pagar o calote dos precatórios foi também uma ação de reconstrução: o presidente anterior havia empurrado a dívida para 2026, último ano deste novo governo Lula e ano de novas eleições.
Ministro diz que inflação está sob controle
Na mesma audiência, o ministro indicou que a economia brasileira está gerando empregos com baixa inflação e que os ruídos sobre a política econômica do governo "vão desaparecer porque foram patrocinados, não são reais". "Tem interesses por trás disso", disse, destacando que os principais indicadores de inflação e desemprego estão positivos.
"A impressão que dá é que tem um fantasminha fazendo a cabeça das pessoas e prejudicando o nosso plano de desenvolvimento", acrescentou. Haddad participou de audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados para tratar de assuntos relacionados à sua pasta.
"Esse ruído não está fazendo bem para a economia brasileira e não tem amparo nos dados. Porque estamos com baixa inflação, o rendimento do trabalho subiu no ano passado e isso não gerou inflação", disse Haddad. "Estamos construindo um caminho mais justo do ponto de vista social. É um ajuste fiscal que está sendo feito sem fazer doer nas famílias, nos trabalhadores, no empresário que paga seus impostos corretamente, sem prejudicar programas sociais importantes, contratos sociais já estabelecidos. Estamos fazendo um caminho mais difícil, pois exigem vários pequenos ajustes, que, somados, vão resolver nosso problema fiscal", declarou o ministro.