O governador Ronaldo Caiado (DEM) decidiu reagir nesta quarta-feira (25) ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmando que os decretos do Estado continuarão valendo e que o presidente não tem respeito por aliados. "Fui aliado de primeira hora, durante todo o tempo. Mas não posso admitir que venha agora um presidente lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um eventual colapso. Não faz parte da postura de governante", disse, em entrevista coletiva.
Caiado também disse que só falará com Bolsonaro por comunicados oficiais, assim como fez o presidente. Afirmou que o discurso é irresponsável e desrespeitoso. "Dizer que isso é um resfriadinho, uma gripezinha? Ninguém definiu melhor que Obama: na política e na vida, a ignorância não é uma virtude". Caiado criticou também empresários que só pensam em perdas de lucros.
O democrata, que relutava em reagir à sequência de críticas do presidente às medidas adotadas pelos governadores até ontem, disse que passou a noite refletindo sobre o pronunciamento. "Conversei longamente com minha consciência. Será que o mundo todo está errado, a comunidade científica inteira? Tomo decisões médicas. Me causa indignação." O presidente perde apoio do governador mais próximo desde a sua eleição.
Decretos vão prevalecer
"Decreto assinado por mim vai prevalecer em Goiás. Sei calibrar corretamente as decisões que terei que tomar. Usar a tese que teremos colapso econômico de grandes proporções é querer colocar na balança a vida e a sobrevivência da economia. Podemos fazer as duas coisas e cabe a um líder criar condições de diminuir as dificuldades", afirmou Caiado. Reclamando da postura de Bolsonaro, o governador disse: "Não cabe a mim como governador jogar responsabilidade em prefeitos. A responsabilidade é minha e eu assumo. Não me acovardarei diante deste momento. É agora que se exige o que se espera de um líder e estadista. Humildade, serenidade e coragem."
Caiado também indicou uma mudança na postura nas relações com o governo federal e diz que a Constituição Federal garante o direito do governador de legislar em seu respectivo Estado. "Se tiver que tomar decisões a nível nacional. Tomarei com o Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso."
O governador também alertou para a situação da pandemia. "Tratar coronavírus, que não temos vacina, não sabemos como se comportam, temos experiência chinesa, italiana, francesa, mas não temos ainda tranquilidade." Em seu discurso, Caiado mostrou um rompimento com o presidente Bolsonaro. "Não posso admitir e concordar com presidente que não tem consideração e respeito aos aliados. Fui aliado de primeira hora, mas não posso admitir que venha agora o presidente lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por colapso econômico e falência de empregos que amanhã venha a acontecer."
Com falas duras, o governador de Goiás Ronaldo Caiado criticou, em diversos momentos da coletiva, a postura de Bolsonaro. "Na política e na vida a ignorância não é uma virtude." Ele reforçou que as medidas de restrição adotadas são importantes para que não haja um colapso da rede de saúde. "O Estado de Goiás cumprirá o decreto. Se amanhã tivermos curva agressiva, a estrutura hospitalar entrará em colapso."