Na história política de Catalão, quatro vice-prefeitos assumiram, em definitivo, a gestão municipal. Cada um deles, por tempo e razões diferenciadas, administrou o município de acordo com as condições herdadas e o entusiasmo que dedicou à tarefa.
O primeiro foi Paulo Hummel, que em 1964 substituiu Osark Vieira Leite, dado o impedimento do titular. O segundo foi Bento Rodrigues de Paula que, em 1969, assumiu o último ano da gestão de Leovil Evangelista da Fonseca, em função de acordo prévio firmado entre os dois. O terceiro foi Divano Elias da Silva, vice-prefeito que, em 1979, substituiu José Rocha por motivos de saúde. Por último, Maria Ângela Borges de Mesquita que, em 1998, se tornou a primeira mulher a governar a prefeitura de Catalão, em razão do assassinato de Eurípedes Pereira Ferreira.
Cada vice-prefeito deixou as marcas de sua gestão de maneira peculiar. Divano Elias da Silva, por exemplo, distinguiu-se pela simplicidade e pela dedicação ao cargo. Vindo de família pobre, oriundo da zona rural, e sendo um simples funcionário do comércio, ninguém apostaria que seria prefeito de Catalão e, tampouco, que faria uma boa gestão.
Divano Elias nasceu em Três Ranchos, em 1940, quando o povoado ainda pertencia ao município de Catalão. Seu pai, Francisco Elias da Silva, era um pequeno lavrador e sua mãe, Maria Marcelina, uma dona de casa que faleceu bem nova, quando Divano era ainda menino. Seu pai o enviou para estudar em Catalão, aos 12 anos de idade, indo morar na casa de um parente da família, João Batista Neto.
Divano estudava, mas trabalhava também. Primeiro, como funcionário das Casas Pernambucanas e, depois, na associação de produtores rurais de Catalão. Como ainda ajudava João Batista Neto na propriedade rural, lidando com garrotes, foi adquirindo algumas reses, formando um pequeno patrimônio.
Com a experiência em negócios e tendo se formado em contabilidade, vendeu tudo e virou sócio de João Batista Neto na abertura da Casa da Lavoura. A loja se tornou, na década de 1970, ponto de encontro dos fazendeiros da região. Divano, muito popular e amigo de todos, foi convidado a ser vice-prefeito pelo candidato José Rocha. Desse modo, entrou na política de supetão, quase sem querer.
Ocorreu que o prefeito vitorioso, José Rocha, sofreu um enfarto na metade do mandato, tendo que renunciar por recomendação médica e familiar. Sem qualquer programação, Divano Elias assumiu o cargo justo na ocasião em que o mandato dos prefeitos brasileiros foi prorrogado por mais dois anos.
Interessante que, durante todo o tempo, Divano demonstrou ser um homem muito simples, caridoso e amigo de todos. Madrugador, de manhã cedo já estava junto aos operários da prefeitura. Comandava pessoalmente João Margarido, Domingos, Tatá, Deusanete, Jurandir Tatico e Osvaldo Pedrosa na lida cotidiana. No gabinete despachava diariamente com Antônio Chaud, Sabino e Shirley Horta Batista, entre outros funcionários. A sala de espera estava sempre repleta de populares e o prefeito fazia questão de atender a todos. Ele próprio confessava que "o melhor de ser prefeito é a oportunidade multiplicada de ajudar os mais carentes do município".
Na gestão Divano Elias da Silva, grandes obras estruturais foram feitas, marcando a sua administração. Como exemplo, o prédio atual da prefeitura, o mercado municipal na Av. Raulina É a rodoviária no alto do Morro das Três Cruzes. São realizações que alteraram a paisagem urbana.
De modo similar, foram importantes a demarcação do Distrito Industrial, a agência do Ipasgo, a canalização de um trecho no córrego Pirapitinga, a viabilização de centenas de casas populares e o convênio de instalação de um campus avançado da UFG em Catalão. Divano trabalhava com apoio do deputado Ênio Pascoal em várias dessas realizações.
Na zona rural foi feita a iluminação pública de Pires Belo, a construção de nova estrada ligando Santo Antonio do Rio Verde a BR-050, os postos de saúde nos distritos, as dezenas de pontes refeitas em todo o município, entre muitas outras realizações concretizadas.
Após o mandato, Divano Elias dedicou-se à pecuária leiteira, atividade pela qual sempre teve o maior apreço. Mas, não abandonou a política. No pleito de 1988, aos 48 anos de idade, estava preparado para ser candidato a prefeito. Porém, a dois meses das eleições, sofreu um enfarto, sendo obrigado a se afastar, abrindo oportunidade para Dr. Aguinaldo Mesquita concorrer.
Divano Elias da Silva faleceu aos 53 anos, vítima de um acidente rodoviário, trazendo grande comoção ao povo catalano. Seu nome ficou registrado na memória afetiva do município. (Luís Estevam)