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Catalão: Venda do clube do povo causa apreensão na cidade

Projeto de Lei nº 83/21, com 200 páginas, foi aprovado em regime de urgência e sem discussão pelos vereadores; Rosângela e Caçula se ausentaram da votação

Por Osmam Martins em 29/09/2021 às 09:14:30
Foto aérea do complexo esportivo clube do povo, em Catalão. (Reprodução/Arquivo)

Foto aérea do complexo esportivo clube do povo, em Catalão. (Reprodução/Arquivo)

Foi aprovado em regime de urgência na última sessão da Câmara Municipal de Vereadores de Catalão, realizada no último dia 21/9, o Projeto de Lei (PL) nº 82/21, que autoriza a Prefeitura de Catalão a vender lotes públicos localizados no Bairro Santa Cruz e próximo a represa do clube do povo. O pedido de urgência para votação foi encaminhado pelo líder do prefeito na casa, vereador Gilmar Antônio.

O projeto, aprovado a toque de caixa, causou desconfiança em boa parte dos cidadãos que utilizam o clube do povo e não tiveram a oportunidade de participar do processo de decisão que autorizou a venda dos lotes. Eles seriam comercializados junto à mineradora CMOC International, e segundo o prefeito Adib Elias, a mineradora já manifestou interesse na aquisição.

"O projeto foi encaminhado à câmara de forma muito rápida, os vereadores aprovaram em regime de urgência e sem discussão. Infelizmente essa é uma prática conhecida de Adib Elias, que hoje detém total controle da câmara para impor suas negociatas, não existe oposição em Catalão, não existe questionamento", comenta um observador político que prefere não ser identificado por temer retaliações.

Também de acordo com o vereador Rodrigo Alves (Rodrigão), o local será a nova sede para América Latina da mineradora CMOC International. "Se os chineses comprar o terreno, nós vamos beneficiar de 4 a 5 mil moradores do bairro pontal, vai sobrar uns R$ 4 milhões para a prefeitura e vai gerar mais de 60 milhões de reais na construção civil da nossa cidade", calcula o vereador.

Os lotes que a Câmara autorizou para venda estão localizados no Bairro Santa Cruz, nas ruas 507 e 520 (área Total de 7.067,80 m²), ruas 507 e 522 (área Total de 8.127,20m²) e lote 10 da quadra 25 (área total de 8.672,17m²). Também de acordo com o projeto, uma comissão de avaliação foi criada e determinou que o metro quadrado está avaliado em R$ 1.700,00 (mil e setecentos reais).

Terreno 1. (Reprodução/PL nº 83/21)
Terreno 2. (Reprodução/PL nº 83/21)
Terreno 3. (Reprodução/ PL nº 83/21)

No texto encaminhado pelo prefeito Adib Elias à Câmara, ele também justifica que a venda é necessária, pois "está gerando recursos para a cobertura de despesas de capital, como a execução de obras públicas de pavimentação em Catalão e na construção de prédios públicos, como o Hospital Regional de Catalão que será construído na Avenida Dr. Lamartine Pinto de Avelar".

Em vídeo nas redes sociais, o Presidente da Câmara, vereador Jair Humberto, que classificou os críticos do projeto como "pseudocientistas políticos", também aparece dizendo que é a favor de vender tudo. "Não votei mas sou a favor, pode por meu nome e pode por a minha foto, por mim vendia era tudo", vociferou.

Procurada, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Catalão, disse por telefone que o terreno "não foi vendido ainda" e que a reportagem está "equivocada em relação aos fatos narrados".

Ainda de acordo com a assessoria, as informações serão esclarecidas em um "release" que será encaminhado à imprensa. "Assim não vão restar dúvidas sobre a aplicação do dinheiro gerado com a venda dos lotes", completa. A assessoria não deu informações sobre o atual estado de conservação do clube do povo, administrado pela secretaria municipal de esportes.


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