"Há uma interligação nunca vista entre MDB e União Brasil no Estado", diz Daniel Vilela

"União Brasil e MDB são quase um só; há uma interligação nunca vista entre os dois partidos grandes no Estado", afirma o vice-governador Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, ao fazer um balanço do encerramento do período de filiações e negar que seu partido tenha perdido protagonismo nos três maiores colégios eleitorais do Estado.

Se há um ano o MDB planejava ter candidatos a prefeito em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis, a sigla sai da primeira data marcante do calendário eleitoral sem cabeça de chapa em nenhuma das cidades e sem garantias de indicar vice na capital, em que teve protagonismo nas duas últimas décadas.

Daniel minimiza os reveses, diz que o quadro nas cidades ainda pode mudar até o período das convenções partidárias (até 5 de agosto) e afirma que o MDB fez as melhores chapas para a disputa de vereador. Em Goiânia, o partido já havia aceitado que a cabeça de chapa seria da sigla do governador Ronaldo Caiado (UB) desde o ano passado, quando a base governista ainda tinha como pré-candidato o empresário e ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot. Aliados de Caiado argumentavam que é importante para o projeto de candidatura dele à Presidência da República em 2026 fazer o prefeito da capital, com concordância das lideranças do MDB.

O partido, então, passou a reivindicar a vaga de vice, mas não obteve garantias de indicação nem por parte do governador nem do pré-candidato a prefeito da base, ex-deputado federal Sandro Mabel (UB). A prioridade, aliás, é oferecer a vaga na tentativa de fechar uma aliança com o PL, que tem como pré-candidato o deputado federal Gustavo Gayer. Apesar de confirmar o nome para a disputa no dia 4 de abril, Gayer demonstrou interesse na aliança com Mabel nas últimas semanas.

Questionado se o governador não poderia ter imposto o espaço ao MDB da mesma forma que exigiu a filiação de Mabel ao UB (ele estava no Republicanos, mas houve uma articulação para que fosse para o PL), Daniel diz que é normal que o pré-candidato a prefeito tenha espaço para definir. "O governador tem essa tese, que aliás ele defendeu em 2022 (quando convidou Daniel para a chapa), de que a decisão de vice precisa ser preponderantemente do titular. E acha que há possibilidade de a gente ampliar a nossa aliança. Se a gente conseguir atrair mais um para a nossa aliança, bom. Se não conseguir, o partido tem excelentes quadros para indicar", afirma o vice-governador.

Ana Paula Rezende, nome mais cotado no MDB para a vaga na chapa majoritária, descartou a possibilidade esta semana, reafirmando que não disputará as eleições neste ano. Outro nome defendido pelo partido é do assessor especial do governo Paulo Ortegal.

O POPULAR mostrou nesta quarta-feira (10) que o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (MDB) articulou a filiação da mulher, Mayara Mendanha, ao PL e a mudança do domicílio eleitoral para Goiânia, de olho na vice de Mabel.

Questionado sobre a prioridade que o pré-candidato da base tem dado à aliança com o PL, Daniel diz não ver problemas e faz uma provocação quanto a 2026: "Não acho ruim, não. Se o PL quiser ajudar com o projeto para Goiânia, com a candidatura do Sandro, é excelente porque o Sandro prefeito será importantíssimo para a eleição de 2026, para o nosso projeto de continuidade dessa gestão".

O PL tem como pré-candidato ao governo em 2026 o senador Wilder Morais, presidente estadual do partido. Daniel, que deve assumir a cadeira no Palácio das Esmeraldas no último ano de mandato de Caiado, é o candidato natural da base à reeleição.

Em Aparecida de Goiânia, o prefeito Vilmar Mariano saiu do MDB e filiou-se ao UB na reta final, com acordo na base de prazo de dois meses para viabilizar a candidatura à reeleição. Caso não deslanche nas pesquisas, o plano B do grupo governista é lançar Leandro Vilela (MDB), diretor de Operações do Detran.

Já em Anápolis, o revés para o grupo de Daniel foi ainda maior, com a filiação da pré-candidata lançada pelo prefeito Roberto Naves (Republicanos), Eerizânia Freitas, ao partido do governador. Daniel apoia Márcio Corrêa, que deixou o MDB e se filiou ao PL para se fortalecer na disputa com a proximidade com o bolsonarismo. Caiado chegou a sinalizar que poderia ficar neutro, mas acabou respaldando a articulação de Naves.

O vice-governador afirma que o desfecho nas três cidades tem a ver com "a conjuntura local e as circunstâncias". "Vamos buscar a indicação de vice. E em todos esses municípios a melhor chapa de vereador é do MDB. Em Goiânia, nós vamos eleger a maior bancada. Então vai ser possível manter o protagonismo mesmo sem ter cabeças de chapa filiados ao partido. Além do mais, em todas essas cidades, nós temos quadros excelentes para compor a futura equipe de governo, caso sejamos vencedores", diz.

Daniel garante que o partido não ficou alijado do processo de definições. "Todas as decisões foram tomadas em conjunto, com unidade", diz. Questionado se o governador não priorizou mais os interesses do UB e o projeto presidencial para 2026 e menos o MDB e os planos do vice para a sucessão estadual, respondeu: "De jeito nenhum. Em todas as decisões que o governador tomou e toma, ele sempre faz questão de ressaltar o projeto de 2026 vinculado a nós, o nosso projeto para o Estado. Tudo sempre foi conversado".

O vice-governador afirma que a filiação de Eerizânia ao UB não indica uma escolha de Caiado entre os dois candidatos da base. "O governador ainda não optou. Não tem nenhuma candidatura posta. Até há poucos dias, a candidatura lá que dividia a base governista era do vice-prefeito Márcio Cândido. Então acho que tem muita coisa para acontecer daqui até o período das convenções", diz.

O vice-governador também minimiza a saída de Corrêa do MDB: "É uma pessoa com quem tenho relacionamento pessoal, acredito muito na capacidade dele, é um jovem determinado. Naturalmente a conjuntura local acabou fazendo com que ele escolhesse migrar para o PL, mas independentemente disso, acho que ele reúne as melhores condições para nos representar nesta eleição".

Em Aparecida, Daniel diz que as definições na reta final de filiações são resultantes de "acordo liderado" por Caiado. "Vilmar entendeu que o partido do governador, com a credibilidade que tem, vai facilitar para que deslanche na avaliação popular. Não há problema nenhum. Temos lá também o maior número de vereadores, uma boa chapa, o MDB está na administração com ele (o prefeito), então não temos nenhuma dificuldade em relação a isso." Vice Daniel defende a tese de que a demanda por uma vice evangélica restringe as opções para a chapa de Mabel. O pré-candidato a prefeito vinha repetindo que gostaria deste perfil, mas mudou o discurso nesta quarta-feira, em reunião com vereadores de Goiânia, afirmando que não engessará a definição.

A fala leva em conta declarações do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Bruno Peixoto (UB), à CBN Goiânia, de que o debate sobre a composição da chapa deve ser mais amplo. "Acho que o mais importante nesse processo, por tudo que aconteceu na eleição passada, com o falecimento do meu pai (Maguito Vilela), as pessoas estarão muito atentas aos vices. Eu disse isso ao Sandro. Na minha avaliação, o que precisa ser levado em conta é a capacidade de substituir à altura em eventual necessidade. O MDB tem o maior número de quadro de pessoas que conhecem Goiânia, que sabem ser gestores, que já foram testados. Então isso não nos preocupa, porque temos as pessoas com essas características, que ao meu ver, são as fundamentais para um vice nesta eleição", diz.