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Ossadas com mais de 200 anos são descobertas durante restauração de Igreja em Jaraguá

Cerca de 150 sepultamentos foram encontrados no local. A obra de restauração está sendo executada pelo Governo de Goiás e a previsão é de que seja concluída em 2025

Por Redação Carlos Duarte - Informações: Vivian Cândida Maia e Fotos: Secult Goiás em 20/12/2024 às 11:53:22
Ossadas foram descobertas durante as obras de restauração na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Ossadas foram descobertas durante as obras de restauração na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminaram em uma importante descoberta arqueológica. Trata-se de um cemitério de mais de 200 anos. Segundo os arqueólogos, os restos mortais encontrados são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos. A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), e recebeu investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025.


A descoberta das ossadas aconteceu durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem. Em novembro, foram exumadas 35 ossadas sob o calçamento externo e centenas de outros túmulos foram identificados. "É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural. Este achado não só reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, mas também nos conecta com as raízes de nossa história", ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes.


Durante os trabalhos, também foram revelados dentro da igreja, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. "Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas," conta o arqueólogo responsável pelo projeto arqueológico da obra, Wagner Magalhães.


Agora, o desafio da equipe é extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo do local, que é úmido e faz com que os ossos fiquem fracos e esfarelados. Por isso, ficou impossibilitada a retirada de todas as ossadas. As que foram retiradas vão passar por estudo em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Depois, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.


"Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali", ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro. Após esse trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja para que os visitantes conheçam a história do local e desses sepultamentos.

"Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos", adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

Herança africana

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. Por isso, os sepultamentos encontrados estão sendo associados a escravizados e negros libertos que tinham crença na Nossa Senhora do Rosário.

"Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá", explica Wagner.





Fonte: Com Informações da Secretaria de Estado da Cultura - Governo de Goiás

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