Mais de 74 mil denĂșncias de crimes envolvendo discurso de ódio pela internet foram encaminhadas, em 2022, para a Central Nacional de DenĂșncias de Crimes Cibernéticos da Safernet, organização de defesa dos direitos humanos em ambiente virtual. Esse foi o maior nĂșmero de denĂșncias de crimes de discurso de ódio em ambiente virtual jĂĄ recebidos pela organização desde 2017 e representou aumento de 67,7% em relação a 2021. A intolerância com o pensamento divergente se intensificou no Brasil nos Ășltimos anos. Essa falta de tolerância leva ao desrespeito e, muitas vezes, a brigas reais.
Neste Janeiro Branco, mĂȘs que ressalta a saĂșde mental, é importante observar o quanto essas discussões fazem mal às pessoas. A psicóloga Wanessa Rios, que atende no centro clĂnico do Órion Complex, em Goiânia, explica que quando a diferença não é encarada como oportunidade surgem os conflitos. "O problema é o julgamento. Incomodar-se com as diferenças fala mais a respeito do incomodado do que a história de alguém. Deve-se praticar a racionalização de que a sua opinião não invalida a do outro, pergunte-se por quĂȘ se incomoda tanto com o diferente".
A especialista destaca que aceitar não é concordar, mas entender que a diferença existe. "E ela não pode ser alterada pela sua opinião. Seja realista entre querer ter paz interior ou razão desenfreada. Afinal de contas, quantas vezes vocĂȘ perdeu sua razão ao tentar impor sua opinião? Indo ao ĂĄpice da agressividade acreditando que ganharia esse jogo no grito. Visivelmente muitos perdem a razão quando se posicionam dessa maneira tão intolerante. Em torno disso existem fatores de base familiar, culturais e sociais trazendo em massa esse descontrole".
A psicóloga dĂĄ dicas de como debater de forma saudĂĄvel. "Isso é um processo, se atente aos gatilhos que certos assuntos te despertam e lembre-se: seu passado não tem haver com essa situação. Esse jogo de terceirizar é um mecanismo de defesa, preste atenção em como se sente e pergunte-se o por quĂȘ desse incômodo, buscando maneiras mais adequadas de responder aos seus sentimentos. Em uma conversa casual ou discussão acalorada costuma-se querer dar uma opinião formada, tenha paciĂȘncia de ouvir e daĂ formular seu pensamento, acompanhe o ritmo, assim ganha tempo e vai digerindo o que pensa e sente. Não se agarre às suas perspectivas, até porque essa postura dificulta, aceite que talvez precise se acalmar e abandonar o seu ponto evitando uma cena desagradĂĄvel que possa te causar constrangimentos".
Para manter o equilĂbrio emocional em dia, Wanessa Rios orienta. "É importante se reconhecer, reforçando suas potencialidades, entendendo suas fragilidades e limitações. À medida que se conhecer mais aprenderĂĄ a lidar melhor consigo mesmo e, consequentemente, com o outro. É de suma importância compreender que tudo bem não estar bem o tempo todo nem concordar em tudo. Acredite nas suas capacidades, trabalhe suas dificuldades, controle sua reatividade diante das diferenças. Questione mais: e se fosse comigo? Deixe vir à tona boas ações, fazendo atividades que contribuam para sua descarga emocional. Aprenda a filtrar ao invés de ser esponja. Insista no seu bem estar, na sua saĂșde mental e na qualidade de vida, que deve ser prioridade".
Fonte: Com Informações da Comunicação Sem Fronteiras